SGO 2021: combinação de pembrolizumabe mais lenvatinibe apresenta benefício de sobrevida global no câncer de endométrio avançado - Oncologia Brasil

SGO 2021: combinação de pembrolizumabe mais lenvatinibe apresenta benefício de sobrevida global no câncer de endométrio avançado

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KEYNOTE-775/Study 309 é um ensaio confirmatório do KEYNOTE-146/Study 111, que apoiou a aprovação acelerada da combinação pela FDA em 2019 para pacientes com carcinoma endometrial avançado negativo para dMMR ou alta instabilidade de microssatélites (MSI-H), que apresentaram progressão da doença após terapia sistêmica e que não são candidatas a cirurgia curativa ou radioterapia  

Durante os dias 19 a 25 de março ocorreu o encontro anual da SGO (Society of Gynecologic Oncology) 2021 em formato virtual. Nesse evento, foi apresentado o KEYNOTE-775/Study 309 (NCT03517449), um ensaio pivotal de fase III, multicêntrico, aberto e randomizado que comparou a eficácia e a segurança de lenvatinibe em combinação com pembrolizumabe versus tratamento à escolha do médico em 827 pacientes com câncer de endométrio avançado, metastático ou recorrente que tiveram progressão de doença após regime prévio à base de platina. As pacientes poderiam receber até dois regimes anteriores, se um deles fosse administrado em configuração neoadjuvante ou adjuvante.  

Das 827 mulheres, 697 tinham tumores pMMR e 130 tinham dMMR. Elas foram designadas aleatoriamente 1:1 para receber: 

  • Pembrolizumabe 200 mg EV a cada 3 semanas por até 35 ciclos em combinação com lenvatinibe 20 mg VO uma vez ao dia; 
  • Tratamento quimioterápico segundo escolha do médico, consistindo em doxorrubicina 60 mg/m2 a cada 3 semanas até a dose cumulativa máxima de 500 mg/m2 ou paclitaxel 80 mg/m2 em um ciclo de 28 dias.

Após um acompanhamento médio de 11,4 meses, lenvatinibe mais pembrolizumabe reduziu o risco de progressão da doença ou morte em 44% (P < 0,0001) e o risco de morte em 38%, com base nos seguintes resultados nos braços experimental versus padrão: 

  • Sobrevida livre de progressão mediana: 7,2 vs 3,8 meses (HR = 0,56; P < 0,0001) 
  • Sobrevida global mediana: 18,3 vs 11,4 meses (HR = 0,63; P < 0,0001).

As taxas de resposta objetiva entre todas as participantes foram de 31,9% com lenvatinibe mais pembrolizumabe versus 14,7% com o tratamento de acordo com a escolha do médico. Respostas completas foram observadas em 6,6% e 2,6%, respectivamente (P < 0,0001), e a duração mediana da resposta foi de 14,4 versus 5,7 meses.  

Benefícios ​​na sobrevida livre de progressão e global também foram observados em outras categorias demográficas como idade, raça, região, status MMR, história de radiação pélvica, histologia e linhas de terapia prévias. 

 A duração mediana do tratamento foi de 231 dias com a combinação e de 104,5 dias com quimioterapia.  

O perfil de segurança da combinação foi consistente com os estabelecidos para as monoterapias individualmente. Grau ≥ 3 eventos relacionados ao tratamento foram observados em 88,9% no braço da combinação e 72,7% no da quimioterapia. Hipertensão foi a toxicidade mais comum relatada em pacientes em lenvatinibe mais pembrolizumabe e foi de grau ≥ 3 em 37,9%. 

 Os autores concluem que a redução de 38% no risco de morte, independentemente do status MMR nas pacientes com carcinoma de endométrio avançado, metastático ou recorrente é muito encorajador e pode ser uma nova opção de tratamento nessa população de pacientes.  

Referências:  

  1. Makker V, et al. A  multicenter,  open-label,  randomized,  phase  III  study  to  compare  the  efficacy  and  safety  of lenvatinib  in  combination  with  pembrolizumab  versus  treatment  of  physician’s  choice  in  patients  with advanced  endometrial  cancer. Society of Gynecologic Oncology (SGO) 2021 Annual Meeting on Women’s Cancer. Abstract: 11512. 2021.