Radioterapia estereotáxica, associada ao pembrolizumabe e ao trametinibe ou à gemcitabina, em câncer de pâncreas recorrente após ressecção cirúrgica - Oncologia Brasil

Radioterapia estereotáxica, associada ao pembrolizumabe e ao trametinibe ou à gemcitabina, em câncer de pâncreas recorrente após ressecção cirúrgica

2 min. de leitura

Estudo de fase II, randomizado e de centro único demonstrou superioridade estatística em ganho de sobrevida global com a combinação de SBRT mais pembrolizumabe e trametinibe vs SBRT com gemcitabina, em adenocarcinoma de pâncreas localmente recidivado após cirurgia

Há escassez de estudos que avaliem imunoterapia ou terapias-alvo em câncer de pâncreas localmente recidivado após cirurgia com intenção curativa. Estudo recém-publicado no The Lancet avaliou a eficácia da radioterapia estereotáxica em combinação com pembrolizumabe e trametinibe nesse cenário.  

Este foi um estudo de fase II, aberto, randomizado, controlado, que recrutou pacientes com idade ≥ 18 anos, com diagnóstico histológico de adenocarcinoma ductal de pâncreas, presença de mutação em KRAS, marcação imunoistoquímica positiva para PD-L1, ECOG 0-1 e recorrência local documentada após cirurgia seguida de mFOLFIRINOX ou 5-fluoruracil adjuvantes. Os pacientes elegíveis foram randomizados (1:1) através de sistema e voz interativo ou sistema de resposta eletrônico, sem estratificação, para receber SBRT (35-40 Gy em 5 frações) associada ao pembrolizumabe 200mg, endovenoso, a cada 3 semanas e ao trametinibe, oral, 2mg uma vez ao dia (SBRT+P+T) vs SBRT (mesmo regime) com gemcitabina, endovenosa 1000mg/m2 nos dias 1 e 8 cada 21 dias por ciclo por 8 ciclos (SBRT+G) até progressão de doença, morte ou toxicidade inaceitável. O desfecho primário foi sobrevida global (SG) na população com intenção de tratamento. A segurança foi avaliada na população que recebeu pelo menos uma dose de tratamento.  

Resultados: 

Entre 10 de outubro de 2016 e 28 de outubro de 2017, 198 pacientes foram incluídos, dos quais 170 foram randomizados ao braço de SBRT+P+T(n=85) ou de SBRT+G (n=85). Com um segmento mediano de 23,3 meses, a mediana de SG foi 24,9 meses (95% IC 23,3–26,5) para o grupo SBRT+P+T e 22,4 meses (95% IC 21,2–23,6) para SBRT+G (hazard ratio [HR] 0,60 [95% CI 0,44–0,82]; p=0·0012). Os eventos adversos graus 3/4 mais comuns foram representados por aumento de AST/ALT (12 vs 7%), elevação de bilirrubinas (5 vs 0%), neutropenia (1 vs 11%) e trombocitopenia (1 vs 5%) para SBRT+P+T vs SBRT+G, respectivamente. Eventos adversos graves foram relatados em 19 pacientes (22%) e 12 (14%) nos braços SBRT+P+T vs SBRT+G, respectivamente. Não houve morte relacionada diretamente ao tratamento.  

Conclusão: 

A combinação de SBRT ao pembrolizumabe e ao trametinibe pode ser uma nova opção de tratamento para pacientes com recidiva local de câncer de pâncreas após cirurgia inicial. Estudos de fase 3 são necessários para confirmar esses achados.  

Referências:  

  1. Zhu X, Cao Y, Liu W, Ju X, Zhao X, Jiang L, Ye Y,JinG, Zhang H. Stereotactic body radiotherapy plus pembrolizumab and trametinib versus stereotactic body radiotherapy plus gemcitabine for locally recurrent pancreatic cancer after surgical resection: an open-label, randomised, controlled, phase 2 trial. Lancet Oncol. 2021 Jul 5:S1470-2045(21)00286-2.