OMS reforça estratégia global para eliminar câncer de colo do útero - Oncologia Brasil

OMS reforça estratégia global para eliminar câncer de colo do útero

3 min. de leitura

Aumentar a vacinação contra o HPV, garantir que mulheres sejam examinadas e que pacientes diagnosticadas recebam tratamento são as três principais metas até 2030

No mês de conscientização do câncer ginecológico (Gynecologic Cancer Awareness Month), a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça a estratégia global criada em 2018 para eliminar o câncer de colo do útero.

A doença é o 4º tipo de câncer mais comum entre as mulheres, com aproximadamente 570 mil casos novos e 311 mil óbitos por ano no mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima cerca de 17 mil novos casos da doença anualmente. Trata-se de um câncer raro em mulheres até 30 anos, com pico de incidência na faixa etária de 45 a 50 anos e aumento da mortalidade a partir da quarta década de vida.

O guia traz três metas principais a serem implementadas até 2030:

  • aumentar a vacinação contra o HPV para 90% de cobertura;
  • garantir que 70% das mulheres sejam examinadas pelo menos aos 35 e aos 45 anos;
  • e assegurar que 90% das pacientes diagnosticadas com câncer de colo do útero recebam o tratamento necessário.

A OMS considera que o câncer de colo de útero só será eliminado quando todos os países mantiverem uma taxa de incidência menor do que quatro casos por 100 mil mulheres. Se a meta estabelecida se cumprir, segundo a organização, 62 milhões de mortes seriam evitadas até 2120.

De maneira geral, a doença é mais frequente em países de média e baixa renda. Nos países ricos, a vacinação contra o HPV, vírus por trás da maioria dos casos da doença, melhorou significativamente as perspectivas de prevenção nas últimas décadas.

No Brasil, embora a vacina contra o HPV esteja disponível gratuitamente no SUS desde 2014 com indicação para meninas dos 9 aos 14 anos e para meninos de 11 a 14 anos, estamos longe de atingir esse objetivo. Segundo dados de 2018 do Ministério da Saúde, pouco mais de 40% das adolescentes no país receberam as duas doses recomendadas.

A construção de um quadro mais positivo para a prevenção, diagnóstico e tratamento da doença é de responsabilidade de todos, mas principalmente da comunidade médica e todos os profissionais da saúde.

 

Referências:

Burger, EA et al. Projected time to elimination of cervical cancer in the USA: a comparative modelling study. Lancet Public Health. 2020; (published online Feb 10)

WHO – Draft: global strategy towards the elimination of cervical cancer as a public health problem. https://www.who.int/docs/default-source/documents/cervical-cancer-elimination-draft-strategy.pdf

Centers for Disease Control and Prevention: CDC Newsroom: an estimated 92% of cancers caused by HPV could be prevented by vaccine.

https://www.cdc.gov/media/releases/2019/p0822-cancer-prevented-vaccine.html

Brisson, M et al. Impact of HPV vaccination and cervical screening on cervical cancer elimination: a comparative modelling analysis in 78 low-income and lower-middle-income countries. Lancet 2020; 395: 575–90

Canfell, K et al. Mortality impact of achieving WHO cervical cancer elimination targets: a comparative modelling analysis in 78 low-income and lower-middle-income countries. Lancet, 2020; 395(10224): 591-603.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Estimativa 2020. Incidência do Câncer no Brasil. Rio de Janeiro: INCA, 2020.

https://www.foundationforwomenscancer.org/events-courses/gynecologic-cancer-awareness-month/