O uso de imunoterapia após radioterapia parece aumentar a taxa de resposta e sobrevida de pacientes com câncer de pulmão metastático - Oncologia Brasil

O uso de imunoterapia após radioterapia parece aumentar a taxa de resposta e sobrevida de pacientes com câncer de pulmão metastático

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A hipótese de que a radioterapia (RT) poderia ocasionar em aumento da eficácia de imunoterapia (IO) no tratamento do câncer tem origem na descrição do chamado efeito abscopal, entendido como um efeito antineoplásico sistêmico observado após terapias locais, com redução de tumores não-irradiados subsequente ao uso de RT em outros sítios de doença. Dois importantes estudos recentemente publicados no JAMA Oncology trazem novamente à discussão os potenciais benefícios dessa associação.

Em um dos trabalhos de fase II, Willemijn et al. avaliaram 76 pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPCNP) metastático, que receberam pembrolizumabe (PMB) como tratamento sistêmico. Os pacientes foram randomizados para a realização ou não de radioterapia estereotática (em inglês, stereotactic body radiotherapy [SBRT]) em um único sítio da doença, previamente ao início da IO. O desfecho primário de aumento de taxa de resposta global (TRG) em 30% não foi atingido, mas houve um importante ganho de 18% para 36% na TRG do grupo da SBRT. Além disso, a sobrevida livre de progressão (SLP) e a sobrevida global (SG) também se mostraram numericamente maiores no braço experimental, com medianas de 1,9 vs. 6,6 meses e 7,6 vs. 15 meses, respectivamente. Os autores evidenciaram ainda que os maiores ganhos se deram na subpopulação de pacientes com tumores sem expressão de PD-L1 e que não houve aumento de toxicidades com a adição de SBRT.

O segundo trabalho, de Bauml e colaboradores, também avaliou pacientes com CPCNP e doença oligometastática, que haviam sido submetidos a terapias ablativas locais, com diferentes modalidades de tratamento, incluindo SBRT. Os 45 pacientes incluídos na análise final receberam PMB após os tratamentos locais e os desfechos coprimários avaliados foram a SLP do início da terapia local (SLP-L) e a SLP do início de PMB (SLP-P), em comparação a dados históricos. Houve ganho significativo, com medianas de 19,1 meses (vs. 6,6 meses no controle histórico; p = 0,005) para SLP-L e de 18,7 meses para SLP-P. As taxas de sobrevida global em 12 e 24 meses foram de 90,9% e 77,5%, respectivamente. Não houve piora na qualidade de vida dos pacientes.

Os dois trabalhos mostram potenciais benefícios na combinação de IO e terapias locais para CPCNP metastático, sobretudo em relação à associação de PMB à RT. Os dados devem guiar novos trabalhos prospectivos que explorem melhor essas combinações. Para acessar os trabalhos originais aqui e aqui.