Microbiota intestinal demonstra relação com desfechos clínicos melhores em pacientes com câncer renal metastático sob imunoterapia - Oncologia Brasil

Microbiota intestinal demonstra relação com desfechos clínicos melhores em pacientes com câncer renal metastático sob imunoterapia

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Os resultados da pesquisa podem abrir portas para terapias direcionadas ao microbioma que busquem melhores resultados no tratamento dos tumores

A microbiota intestinal é composta por bactérias e vírus que residem no trato gastrointestinal. Nos últimos anos, o aumento do conhecimento sobre sua relação com a saúde geral levou a explorações mais profundas de seu papel nos estados das doenças e a interação desses organismos com os tratamentos.

Os resultados do estudo de Salgia et al publicados na revista European Urology mostraram que uma maior diversidade microbiana intestinal em pacientes com câncer renal metastático está associada a melhores resultados de tratamento para aqueles indivíduos que estavam recebendo imunoterapia.

O estudo apresentou os primeiros dados da comparação do sequenciamento da microbiota de pacientes oncológicos em diferentes momentos. Os participantes foram convidados a fornecer até três amostras de fezes: uma no início do estudo, outra após 4 semanas de terapia e a última na 12ª semana de terapia. A equipe foi capaz de identificar mudanças na microbiota ao longo do tempo.

Os autores sugerem que a modulação da microbiota intestinal durante o curso do tratamento pode impactar positivamente as respostas terapêuticas, mostrando que os pacientes com o maior benefício do tratamento do câncer foram aqueles com maior diversidade microbiana, mas também aqueles com maior abundância de uma bactéria específica conhecida como Akkermansia muciniphila, que é um organismo também associado a benefícios em outros estudos de imunoterapia.

O estudo também avaliou no detalhe as mudanças de acordo com os inibidores de correceptores imunes, a partir da análise das fezes de 31 pacientes coletadas antes do início da terapia com nivolumabe (77%) ou nivolumabe mais ipilimumabe (23%). Uma maior diversidade microbiana foi associada ao benefício clínico da terapia com inibidores de correceptores imunes (p = 0,001) e várias espécies foram associadas ao benefício clínico ou à falta dele. O perfil temporal da microbiota indicou que a abundância relativa de Akkermansia muciniphila aumentou em pacientes que obtiveram benefício clínico com inibidores de correceptores imunes.

Alguns estudos anteriores, publicados na revista Science, já haviam demostrado que a composição da microbiota intestinal pode influenciar a resposta à imunoterapia. Os investigadores irão incluir a expansão do estudo para um grupo maior de pacientes que serão acompanhados por um período mais longo.

Referências:
Salgia NJ, et al. Stool Microbiome Profiling of Patients with Metastatic Renal Cell Carcinoma Receiving Anti–PD-1 Immune Checkpoint Inhibitors. European Urology. 2020.

http://science.sciencemag.org/lookup/doi/10.1126/science.aan3706
http://science.sciencemag.org/lookup/doi/10.1126/science.aan4236