KEYNOTE-177: análise final de sobrevida livre de progressão (SLP) e de SLP2 com pembrolizumabe para tratamento do CCRm MSI-H/dMMR - Oncologia Brasil

KEYNOTE-177: análise final de sobrevida livre de progressão (SLP) e de SLP2 com pembrolizumabe para tratamento do CCRm MSI-H/dMMR

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Os autores do estudo concluíram que pembrolizumabe demonstrou ganho estatisticamente significativo de SLP versus quimioterapia como terapia de primeira linha para esses pacientes 

Durante o ESMO World Congress On Gastrointestinal Cancer 2021, foram apresentados os resultados da análise final de sobrevida livre de progressão (SLP) e da análise de SLP2 do KEYNOTE-177 (NCT02563002), um estudo internacional, randomizado, aberto e de fase III que avaliou a eficácia e a segurança de pembrolizumabe versus o padrão de tratamento (quimioterapia ± bevacizumabe ou cetuximabe) na primeira linha de tratamento para pacientes com câncer colorretal metastático (CCRm) que apresentam alta instabilidade de microssatélites ou deficiência de enzimas de reparo de DNA (MSI-H/dMMR).  

Pacientes com CCRm MSI-H/dMMR e ECOG 0/1 foram randomizados 1:1 para pembrolizumabe 200mg a cada três semanas por até dois anos ou a escolha do investigador (mFOLFOX6 ou FOLFIRI a cada duas semanas ± bevacizumabe ou cetuximabe). O tratamento continuou até progressão, toxicidade inaceitável, decisão do paciente/investigador de interromper ou conclusão de 35 ciclos (apenas para pembrolizumabe). Os pacientes que receberam quimioterapia poderiam realizar crossover para pembrolizumabe por até 35 ciclos após a confirmação de progressão de doença.  

Os desfechos primários foram SLP (RECIST v1.1, revisão central) e sobrevida global (SG). Os desfechos secundários incluíram taxa de resposta objetiva (TRO por RECIST v1.1, revisão central) e segurança. Os desfechos exploratórios incluíram a duração de resposta (DDR), SLP2 (tempo desde a randomização até a progressão na próxima linha de terapia ou qualquer causa de morte) e qualidade de vida relacionada à saúde. O corte de dados foi em 19 de fevereiro de 2020. 

 

Resultados: 

No corte de dados, um total de 307 pacientes foram randomizados. O acompanhamento médio do estudo foi de 32,4 meses. Pembrolizumabe foi superior à quimioterapia para SLP (mediana de 16,5 meses versus 8,2 meses; HR 0,60; IC 95% 0,45-0,80; P = 0,0002). As taxas de SLP de 12 e 24 meses foram de 55,3% e 48,3% no braço pembrolizumabe versus 37,3% e 18,6% no da quimioterapia.  

A TRO confirmada foi de 43,8% versus 33,1%. A mediana de duração de resposta não foi alcançada com o anti-PD-1 versus 10,6 meses com quimioterapia. A SLP2 foi mais longa com pembrolizumabe versus quimioterapia (mediana não alcançada versus 23,5 meses; HR 0,63; IC 95%; 0,45-0,88). A análise de sobrevida global está em andamento.  

As taxas de eventos adversos relacionados ao tratamento (TRAE) de grau ≥ 3 foram de 22% vs 66% para pembrolizumabe versus quimioterapia. Não houve TRAEs de grau 5 no braço da imunoterapia e uma perfuração intestinal de grau 5 no braço da quimioterapia. Os escores de qualidade de vida foram melhores com o anti-PD-1 em relação à quimioterapia.  

Os autores concluem que pembrolizumabe demonstrou ganho estatisticamente significativo de SLP versus quimioterapia como terapia de primeira linha para pacientes com CCRm MSI-H/dMMR, com menos TRAEs. Além disso, o anti-PD-1 forneceu uma melhora clinicamente significativa em SLP2 para essa população selecionada. Importante ressaltar que recentemente, no Congresso Mundial da ASCO 2021, os dados de SG do KEYNOTE-177 indicaram que o tratamento com pembrolizumabe associou-se a uma tendência na redução de mortalidade que não atingiu significância estatística (HR 0,74; IC 95% 0,53-1,03; P = 0,0359; mediana não alcançada versus 36,7 meses), provavelmente devido à alta taxa de crossover do grupo da quimioterapia para o grupo da imunoterapia.  

 

Referências:  

  1. Finn RS, et al. KEYNOTE-177: Phase III randomized study of pembrolizumab versus chemotherapy for microsatellite instability-high advanced colorectal cancer. 2021 Gastrointestinal Cancers Symposium. J Clin Oncol 39, 2021 (suppl 3; abstr 6). DOI:10.1200/JCO.2021.39.3_suppl.6.