Estudo sugere correlação entre o uso de vitamina D no pré-tratamento e a diminuição do risco de colite por inibidores de correceptores imunes - Oncologia Brasil

Estudo sugere correlação entre o uso de vitamina D no pré-tratamento e a diminuição do risco de colite por inibidores de correceptores imunes

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Inibidores de correceptores imunes podem desencadear eventos adversos imuno-relacionados graves

Estudo publicado em junho deste ano por Grover et al na revista Cancer é o primeiro a encontrar uma correlação entre o uso de vitamina D antes do início do tratamento e a diminuição do risco de colite por inibidores de correceptores imunes (ICIs).

ICIs podem desencadear eventos adversos imuno-relacionados graves, impactando muitas vezes a continuidade da terapia. Colite, por exemplo, é uma das reações adversas mais graves e sua incidência é maior naqueles sob uso de drogas anti-CTLA4. A depender do grau de acometimento da colite e das condições clínicas do paciente, medicamentos como corticosteroides, infliximabe, micofenolato ou anticorpos monoclonais (vedolizumabe) podem ser indicados.

Pesquisas em murinos já sugerem que a vitamina D pode modular o sistema imunológico e proteger contra doenças inflamatórias intestinais, como colite ulcerativa e doença de Crohn. Os pesquisadores deste estudo, então, realizaram uma análise retrospectiva de pacientes com melanoma tratados no Dana-Farber Cancer Institute que receberam anti-PD-1, anti-CTLA-4 ou ICIs combinados entre maio de 2011 e outubro de 2017. Uma confirmação externa foi realizada a partir de uma coorte independente do Massachusetts General Hospital.

A equipe classificou a ingestão de vitamina D em três categorias de dosagem: sem uso, uso de ≤ 1000 UI/dia e uso > 1000 UI/dia, baseando-se em diretrizes para a suplementação e reposição diárias de vitamina D recomendadas. O desfecho primário foi o desenvolvimento de colite relacionada à ICI, confirmada com sigmoidoscopia flexível e biópsia do cólon.

Ao todo, 213 pacientes foram incluídos, dos quais 37 desenvolveram colite por ICI (17%). O uso de vitamina D foi registrado em 66/213 pacientes (31%) antes de iniciar ICI. Na análise de regressão multivariável, o uso de vitamina D conferiu chances significativamente reduzidas de desenvolver colite por ICI (OR 0,35, IC 95% 0,1-0,9). Esses resultados também foram demonstrados na coorte confirmatória (OR 0,46, IC 95% 0,2-0,9) de 169 pacientes, dos quais 49 desenvolveram colite por ICI (29%).

Os autores concluíram que os pacientes que tomaram vitamina D no momento em que seu primeiro tratamento com ICI foi iniciado tiveram chances significativamente reduzidas de desenvolver colite por ICI ao longo de seu regime de imunoterapia.

Esses resultados sugerem benefícios do uso profilático da suplementação de vitamina D para prevenir a colite por ICI, como anteriormente descrito na doença inflamatória intestinal e na doença do enxerto contra o hospedeiro. Entretanto, ressalta-se que esta pesquisa apresenta um desenho retrospectivo, sendo necessários estudos prospectivos, de forma a orientar adequadamente médicos e pacientes quanto às indicações da possível suplementação nesse cenário.

Referências:
Grover S, Dougan M, Tyan K, Giobbie‐Hurder A, Blum SM, Ishizuka J, Qazi T, Elias R, Vora KB, Ruan AB, Martin‐Doyle W. Vitamin D intake is associated with decreased risk of immune checkpoint inhibitor‐induced colitis. Cancer. 2020 Jun 22.