Estudo sobre a baixa prevalência no Brasil da expressão de PD-L1 no câncer de pulmão é selecionado para a ASCO 2018. Comentário: Dra. Ana Gelatti - Oncologia Brasil

Estudo sobre a baixa prevalência no Brasil da expressão de PD-L1 no câncer de pulmão é selecionado para a ASCO 2018. Comentário: Dra. Ana Gelatti

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A oncologista do Hospital do Câncer Mãe de Deus, em Porto Alegre (RS), dra. Ana Gelatti, é a primeira autora de um estudo do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica (GBOT), que escreveu sobre a prevalência da expressão de PD-L1 no câncer de pulmão no Brasil. O estudo foi selecionado para a ASCO 2018, como uma publicação eletrônica, que mostra menor prevalência da expressão de PD-L1 em relação aos dados da literatura.

“Um dos principais objetivos do Grupo Brasileiro de Oncologia Torácica-GBOT é estimular a pesquisa clínica e o desenvolvimento de dados locais no que diz respeito a epidemiologia e ao padrão de tratamento dos pacientes com câncer de pulmão no Brasil. Com a coordenação do Dr. Mauro Zukin e a parceria dos patologistas envolvidos na realização dos testes de imunohistoquímica para avaliação de PD-L1, tivemos a oportunidade de avaliar a realidade brasileira nesse cenário”, ressalta a oncologista.

O estudo revisou retrospectivamente 1018 pacientes com câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC) avançado, em análises de imuno-histoquímica com anticorpo 22C3 PharmDx Dako, realizadas em quatro laboratórios de referência, no período de agosto e dezembro de 2017. As amostras válidas tiveram > 100 células tumorais por lâmina. A coloração de PD-L1 foi classificada como < 1%, 1- 49% ou ≥ 50% de coloração positiva das células tumorais.

“De forma retrospectiva revisamos a expressão de PD-L1 em 1018 casos que foram submetidos ao teste com anticorpo 22C3 PharmDx Dako. O resultados demonstraram uma expressão de PD-L1 abaixo do esperado nessa população, conforme demonstrado no abstract em maiores detalhes (16,6% dos casos com expressão de PD-L1 ≥ 50%, 22% entre 1 -49% e 61,39% da amostra com expressão <1%)”, afirma a dra. Ana Gelatti.

Entre os 1018 casos de CPNPC avaliados, a idade mediana foi de 67 anos, 53,84% dos pacientes com mais de 65 anos, 55,01% do sexo masculino. O estudo do Brasil mostrou que 16,6% apresentaram expressão de PD-L1 ≥ 50%, 22% expressão de PD-L1 entre 1-49% e a maioria dos pacientes, 61,39%, tiveram expressão de PD-L1 < 1%. Os autores descrevem que 53,93% tinham adenocarcinoma, 13,36% CPNPC do tipo escamoso, 26,72%, CPNPC não especificado, 3,83% de outras histologias e 2,16%, perdas. O subtipo histológico mostrou associação com a expressão de PD-L1 (p = 0,0455). Entre os adenocarcinomas, 66,48% não expressaram PD-L1, 18,03% tiveram entre 1-49% e 15,48% mostraram expressão de PD-L1 ≥50%. Entre os carcinomas de células escamosas, 55,15% não expressaram PD-L1, 25% tiveram entre 1-49% e 19,85% mostraram expressão de PD-L1 ≥ 50%.

“O trabalho foi publicado na ASCO 2018 de forma online. O Grupo está trabalhando na identificação de possíveis justificativas para esta diferença entre os dados locais e globais (provenientes de estudos clínicos), entre elas possíveis entraves pré-analíticos ou mesmo epidemiologia do biomarcador. Dessa forma realço a importância de dados Real World que são tão escassos. Este foi apenas um estudo inicial, e espero que a atualização e ampliação destes dados possa ser apresentada no WCLC 2018”, projeta a médica gaúcha.

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