Estudo KATHERINE: novas análises de subgrupo comprovam benefício de T-DM1 - Oncologia Brasil

Estudo KATHERINE: novas análises de subgrupo comprovam benefício de T-DM1

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O Dr. Max Mano, oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês e co-autor do estudo KATHERINE, comentou novos dados de análise de subgrupos deste estudo, apresentados no San Antonio Breast Cancer Symposium 2019, evento que anualmente traz as principais atualizações em câncer de mama e que ocorre de 10 a 14 de dezembro, em San Antonio, Texas.

O Dr. Max lembrou que o estudo KATHERINE recrutou pacientes com câncer de mama localizado e com hiperexpressão do receptor de fator de crescimento epidérmico humano do tipo 2 (HER2, do inglês human epidermal growth factor receptor type 2), que haviam sido tratadas com quimioterapia e tratamento anti-HER2 no cenário neoadjuvante. As pacientes que apresentaram doença residual na peça cirúrgica, após cirurgia curativa da mama, foram randomizadas para receber 14 ciclos de trastuzumabe ou do conjugado anticorpo-droga T-DM1 na adjuvância. Os resultados principais, já publicados no NEJM, evidenciaram um benefício significativo com uso de T-DM1.

Nas novas análises, houve avaliação do grupo de pacientes que recebeu antraciclinas (77%) como parte do esquema quimioterápico neoadjuvante, revelando-se um benefício similar com T-DM1 para esse subgrupo quando comparado ao benefício visto naquelas pacientes que receberam quimioterapia sem antraciclinas. Além disso, o oncologista chamou a atenção para os dados de toxicidade, que revelaram maior frequência de eventos adversos grau 3-4 no grupo não exposto a antraciclinas, bem como maior incidência de plaquetopenia e de toxicidade pulmonar. O Dr. Max levantou a hipótese de essa discrepância poder ser justificada, entre outros fatores, pela maior exposição a carboplatina e a maiores doses de paclitaxel nesse subgrupo.

Já na avaliação das populações estratificadas quanto ao risco de recorrência, o médico ressaltou que o benefício do T-DM1 adjuvante foi visto tanto nos subgrupos de risco mais baixo quanto naqueles de alto risco. Por outro lado, apesar do ganho com uso do conjugado em relação ao trastuzumabe, aquelas pacientes com tumores de muito alto risco, com lesões consideradas inoperáveis ou ainda com linfonodos positivos mesmo após neoadjuvância, continuaram apresentando uma taxa de recorrência alta, de até 24% em 3 anos, o que levou o oncologista a questionar um potencial benefício de se intensificar ainda mais o tratamento nessas pacientes.

Ainda em análise exploratória, as 77 pacientes do estudo que apresentavam tumores estádio I foram avaliadas. O Dr. Max ressaltou que, mesmo nesse grupo de muito baixo risco de recorrência, seis recorrências e um óbito foram vistos no braço de trastuzumabe e nenhum evento no braço de T-DM1. Para o oncologista, pode haver uma subpopulação de pacientes nesse estádio que se beneficiaria de neoadjuvância e mesmo de uso de T-DM1 em caso de não atingir resposta patológica completa.

O SABCS acontece de 10 a 14 de dezembro de 2019 em San Antonio (EUA) e reúne mais de sete mil profissionais de 90 países para discutir sobre câncer de mama. Acompanhe os destaques do SABCS na cobertura da Oncologia Brasil.