Estudo DAPHNE sugere ser viável o descalonamento da quimioterapia adjuvante pós resposta patológica completa no câncer de mama HER2+ estadio inicial - Oncologia Brasil

Estudo DAPHNE sugere ser viável o descalonamento da quimioterapia adjuvante pós resposta patológica completa no câncer de mama HER2+ estadio inicial

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Os autores concluem que o descalonamento da quimioterapia citotóxica adjuvante entre pacientes que apresentam resposta patológica completa no câncer de mama HER2+ estadio inicial parece ser uma abordagem aceitável aos pacientes e aos médicos 

 

Ensaio piloto de braço único – apresentado no 2020 San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS) – buscou determinar a viabilidade da terapia adjuvante descalonada (somente trastuzumabe e pertuzumabe [HP]) em pacientes com câncer de mama HER2+ com resposta patológica completa (pCR) após terapia neoadjuvante com docetaxeltrastuzumabe e pertuzumabe (THP). Essa prática até então não tinha sido investigada formalmente. 

Eram elegíveis indivíduos com câncer de mama HER2+ estadio clínico II-III e virgens de tratamento. Todos receberam 12 doses semanais de paclitaxel e quatro doses de HP a cada três semanas (até seis doses permitidas em caso de atraso cirúrgico). 

O objetivo principal foi avaliar a adesão à terapia HP especificada pelo protocolo (apenas HP, sem quimioterapia citotóxica) no cenário adjuvante entre pacientes com pCR (ypT0/isN0) após THP neoadjuvante. O desfecho primário foi o recebimento de quimioterapia citotóxica adjuvante, avaliada em três meses no pós-operatório. Trastuzumabe emtansina (T-DM1) não foi considerado quimioterapia citotóxica. Entre os pacientes com pCR para THP, o desescalonamento seria considerado inviável se a taxa real de adesão apenas ao HP fosse < 80%. 

Ao todo, 98 pacientes receberam pelo menos uma dose de THP no estudo. A idade média foi de 50 anos. Os pacientes eram 99% mulheres e 86% tinham tumores em estadio II, 14% estadio III e 32% câncer receptor hormonal negativo. 

Cinco pacientes tiveram resposta clínica incompleta após THP e receberam AC antes da cirurgia. Eles foram classificados como não-pCR e, então, censurados. No momento da análise, 93 pacientes foram avaliados quanto à resposta à terapia neoadjuvante. 

A taxa geral de pCR foi de 55%. Além disso, 10%, 28% e 2% dos pacientes tiveram respostas RCB (residual cancer burden) I, II e III, respectivamente. De 51 pacientes que tiveram pCR para THP, 40 tinham dados disponíveis sobre o recebimento de quimioterapia adjuvante no corte de dados. Dos 30 pacientes, 39 (97,5%) que tinham pCR não receberam quimioterapia citotóxica adjuvante, atingindo o limite pré-especificado do estudo para declarar esta uma abordagem viável (desfecho primário). 

De 30 indivíduos que não tiveram pCR para THP, 14 receberam quimioterapia citotóxica adjuvante, enquanto os outros 16 não. Os motivos mais comuns citados pelos pacientes para o não recebimento da adjuvância, apesar da doença residual na cirurgia, foram (N = 21): plano para T-DM1 adjuvante em monoterapia (67%); boa resposta à quimioterapia pré-operatória (38%); e planejamento de terapia hormonal adjuvante (24%). O motivo mais comum citado por médicos, apesar da doença residual na cirurgia, foi plano para adjuvância com T-DM1 (81% dos médicos). Com breve acompanhamento de 10,2 meses na mediana de tempo, não houve recorrências de câncer de mama. 

Os autores concluem que o descalonamento da quimioterapia citotóxica adjuvante entre pacientes que apresentam pCR no câncer de mama HER2+ estadio inicial parece ser uma abordagem aceitável aos pacientes e aos médicos. A eficácia em longo prazo desta abordagem será determinada no estudo CompassHER2-pCR em andamento. 

 

Referência: 

Wacks AG, et al. The DAPHNE trial: A feasibility study of chemotherapy de-escalation based on response to neoadjuvant paclitaxel-HP (THP) in HER2-positive breast cancer. Presented at: 2020 Virtual San Antonio Breast Cancer Symposium (SABCS). 

 

 

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