Estudo ClarIDHy - ivosidenibe para tratamento de colangiocarninoma - Oncologia Brasil

Estudo ClarIDHy – ivosidenibe para tratamento de colangiocarninoma

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O colangiocarcinoma é um tipo raro de câncer, que tende a levar pacientes ao óbito em alguns meses e para o qual há um arsenal limitado de terapias eficazes. Adicionalmente, mutações no gene da isocitrato desidrogenase 1 (IDH1), que ocorrem em aproximadamente 15% dos pacientes, resultam na produção do oncometabólito D-2-hidroxiglutarato (2-HG), que promove oncogênese e a progressão da doença.

O estudo ClarIDHy, apresentado hoje no Simpósio Presidencial do ESMO Congress 2019, traz resultados positivos relevantes para o tratamento deste tipo de tumor, com o uso do inibidor de isocitrato desidrogenase 1 mutada (mIDH1) first-in-class ivosidenibe.

Os pacientes do estudo possuíam com colangiocarcinoma mIDH1 metastático e/ou inoperável, com score ECOG entre 0 e 1 e doença mensurável pelo protocolo RECIST v1.1. Os 185 pacientes foram randomizados 2:1 em um braço tratado com ivosidenibe em dose diária (500 mg; 124 pacientes) e um braço que recebeu placebo correspondente, e estratificados pelo número de terapias sistêmicas com as quais haviam sido tratados anteriormente (1 ou 2) para avaliação de uma série de endpoints. Pacientes do braço placebo poderiam passar para o braço tratado com ivosidenibe em caso de progressão da doença.

A mediana da idade era de 62 anos, com a maioria dos casos sendo de pacientes mulheres (117). Noventa e um por cento dos pacientes possuíam doença intra-hepática, 92% com doença metastática e 43% já haviam passado por duas linhas terapêuticas prévias.

A sobrevida livre de progressão (SLP) foi o endpoint primário, com endpoints secundários incluindo sinais de segurança, taxa de resposta objetiva, SLP avaliada por investigadores locais e a sobrevida global da população com intenção de tratar. A sobrevida global ajustada pelo crossover de pacientes do grupo placebo para o tratado foi investigada pelo método rank preserved structural failure time (RPSFT).

A SLP avaliada centralmente foi de 2,7 meses para o braço tratado com ivosidenibe e 1,4 meses para o placebo (HR = 0,37, IC95% = 0,25-0,54; p < 0,001). As taxas de pacientes com SLP aos seis e doze meses foram, respectivamente, 32,0% e 21,9% para o grupo tratado com o inibidor de mIDH1, comparado a um cenário em que todos os pacientes tiveram progressão em seis meses, no grupo placebo.

A taxa de resposta objetiva ao ivosidenibe foi de 2,4%, com 3 respostas parciais e 63 pacientes (50,8%) de pacientes com doença estável, comparados a uma taxa de 0% para o grupo placebo, com 17 (27,9%) casos com doença estável.

A sobrevida global foi de 10,8 meses para o tratamento com ivosidenibe, contra 9,7 meses no grupo que recebeu placebo, corrigidos para 6,0 meses pelo método RPSFT (HR = 0,46; p = 0,0008). Por fim, a sobrevida livre de progressão determinada localmente teve HR de 0,47 (p < 0,001).

Os eventos adversos relacionados ao tratamento mais comuns foram: náusea (32,1%), diarreia (28,8%), fadiga (23,7%), tosse (19,2%), dor abdominal (18,6%), ascite (18,6%), perda de apetite (17,3%), anemia (16,0%) e vômito (16,0%). Eventos adversos de grau ≥ 3 acometeram 46% dos pacientes tratados com ivosidenibe e 36% do braço placebo. Não houve mortes relacionadas ao tratamento.

O ganho em termos de sobrevida global proporcionado pela administração de ivosidenibe é estatisticamente significativo. Aliado a uma tendência favorável ao inibidor de mIDH1 em termos de sobrevida global, esse resultado traz o ivosidenibe como uma possível opção terapêutica futura para o colangiocarcinoma avançado com mutação na isocitrato desidrogenase, o que é particularmente relevante para uma doença atualmente sem tratamento eficaz comprovado.

O ESMO Congress 2019 acontece entre os dias 27 de setembro e primeiro de outubro em Barcelona, Espanha e reúne especialistas do mundo todo para discutir o que há de mais recente na pesquisa oncológica, com apresentação de dados que podem mudar a prática da oncologia e consequente promoção de um atendimento melhor ao paciente. Confira a cobertura no site www.oncologiabrasil.com.br/esmo-19, e nas nossas redes sociais.