Estudo ASCEMBL mostra eficácia estatisticamente e clinicamente superior de asciminibe versus bosutinibe em pacientes com leucemia mieloide crônica - Oncologia Brasil

Estudo ASCEMBL mostra eficácia estatisticamente e clinicamente superior de asciminibe versus bosutinibe em pacientes com leucemia mieloide crônica

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Dr. Jayr Schmidt Filho, Head da Onco-Hematologia do A.C.Camargo Cancer Center, comenta sobre o estudo ASCEMBLlate-breaking abstract apresentado no 62º Congresso Anual da ASH, sobre asciminibe versus bosutinibe em pacientes com leucemia mieloide crônica (LMC). 

 

 

O ASCEMBL é um estudo de fase 3, aberto, multicêntrico, randomizado que compara a segurança e eficácia de dois inibidores de tirosina quinase (TKIs), asciminibe e bosutinibe (BOS) no tratamento da leucemia mieloide crônica (LMC) em pacientes que já receberam tratamentos prévios com, pelo menos, dois inibidores de tirosina quinase. 

As terapias atualmente disponíveis para esse cenário a partir da 3ª linha são limitadas, principalmente em relação à eficácia e segurança, comenta o especialista. 

Asciminibe, ao contrário de todos os inibidores de tirosina quinase (TKIs) aprovados que se ligam ao sítio de ATP da oncoproteína BCR-ABL1, é um inibidor STAMP com um novo mecanismo de ação. Bosutinibe (BOS), um TKI ATP-competitivo, mostrou eficácia clínica em pacientes que receberam ≥ 2 TKIs e em LMC recém-diagnosticada em ensaios clínicos prospectivos. 

Os pacientes com LMC na fase crônica (LMC-fc) previamente tratados com ≥ 2 TKIs foram randomizados 2:1 para asciminibe 40 mg 2x/dia (n= 157) ou BOS 500 mg 1x/dia (n= 76). Participantes com falha de tratamento (de acordo com as recomendações da European LeukemiaNet de 2013) no BOS poderiam mudar para asciminibe de acordo com a avaliação do investigador. Pacientes com mutações T315I ou V299L resistentes ao bosutinibe foram excluídos. 

desfecho primário foi taxa de resposta molecular maior (RMM) na semana 24, sem outros critérios de falha terapêutica antes da semana 24. Os desfechos secundários foram diversos. Destacam-se a taxa de resposta molecular maior depois da semana 24, no caso na semana 96, dados de segurança, resposta citogenética e dados de sobrevida global e sobrevida livre de progressão. 

Cerca de metade dos pacientes recebeu duas linhas prévias de tratamento e a outra metade mais de três linhas de tratamento. Cerca de 31% dos pacientes descontinuaram BOS por perda de eficácia e 21% no caso do asciminibe. Entre os que interromperam BOS, 29% fizeram cross-over para asciminibe. 

O desfecho primário foi atingido com taxa de RMM na 24ª semana de 25,5% com asciminibe e 13,2% com BOS, atendendo ao objetivo principal. O benefício se estendeu para os principais subgrupos pré-planejados. A probabilidade de atingir a resposta molecular maior na semana 24 foi de cerca de 25% no asciminibe e cerca de 12% no BOS. 

De acordo com o onco-hematologista, a taxa de resposta citogenética completa na semana 24 foi de 40,8% com asciminibe versus 24,2% com BOS. Foram observadas respostas moleculares (RM) mais profundas no caso MR4 e MR4.5 em 24 semanas em mais pacientes de asciminibe do que BOS. 

Eventos adversos (EAs) de grau ≥ 3 ocorreram em 50,6% e 60,5% dos pacientes que receberam asciminibe e BOS, respectivamente. A proporção daqueles que interromperam o tratamento devido aos EAs foi menor com asciminibe (5,8%) do que BOS (21,1%). EAs de grau ≥ 3 que requerem interrupção e/ou ajustes da dose foram relatados com menor frequência com asciminibe do que com BOS. EAs de grau ≥ 3 mais frequente (ocorrendo em > 10% dos pacientes em qualquer braço de tratamento) com asciminibe versus BOS foram trombocitopenia (17,3%; 6,6%), neutropenia (14,7%; 11,8%), diarreia (0%, 10,5%) e aumento da alanina aminotransferase (0,6%, 14,5%). Mortes durante o tratamento ocorreram em dois indivíduos (1,3%) em asciminibe (acidente vascular cerebral isquêmico e embolia arterial, um paciente cada) e um participante (1,3%) em BOS (choque séptico). Poucos eventos com relação ao impacto no desenvolvimento de mutações foram observados. 

Este é o primeiro estudo controlado comparando tratamentos com inibidores de tirosina quinase para pacientes resistentes/intolerantes (R/I) com LMC. Dr. Jayr Schmidt Filho conclui, a partir dos dados do estudo, que asciminibe demonstrou superioridade estatisticamente e clinicamente significativas quanto à eficácia em comparação com BOS, taxas de resposta molecular mais profundas e um perfil de segurança favorável. 

 

Referência: 

Hochhaus A, et al. Efficacy and Safety Results from ASCEMBL, a Multicenter, Open-LabelPhase 3 Study of Asciminib, a Firstin-Class STAMP Inhibitorvs Bosutinib (BOS) in Patients (Ptswith Chronic Myeloid Leukemia in Chronic Phase (CML-CP) Previously Treated with ≥2 Tyrosine Kinase Inhibitors (TKIs). Abstract LBA-4. Presented at: 62nd ASH Annual Meeting and Exposition, 2020. 

 

 

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