Uso de pembrolizumabe em monoterapia demonstra atividade em subtipos raros de sarcoma - Oncologia Brasil

Uso de pembrolizumabe em monoterapia demonstra atividade em subtipos raros de sarcoma

3 min. de leitura

Dr. Rodrigo Munhoz, oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, comenta sobre o estudo AcSé Pembrolizumab – apresentado pelo Dr. Jean Yves Blay na sessão oral de sarcomas do ESMO Virtual Congress 2020 – que avaliou o uso de imunoterapia em subtipos raros de sarcoma.

A imunoterapia apresenta atividade limitada como agente único ou em combinação de anti-PD-(L)1/anti-CTLA4 em grupos não selecionados de sarcomas, levando em conta que existem mais de 150 subtipos diferentes descritos na literatura. Combinações com antiangiogênicos, por outro lado, demonstraram aumento de sobrevida livre de progressão (SLP).

AcSé pembrolizumab (NCT03012620), conduzido por um grupo francês, é um estudo de fase II, não randomizado, multicêntrico e aberto, que investiga a eficácia e segurança de pembrolizumabe em monoterapia aos pacientes com cânceres raros. Foram relatados no congresso os resultados de pembrolizumabe na coorte de sarcomas raros (incidência < 0,2/100.000/ano).

Foram incluídos 81 pacientes com sarcomas raros, divididos em cinco grupos:

  • 24 com cordoma;
  • 14 com sarcoma alveolar de partes moles (SAPM);
  • 5 com tumor desmoplásico de pequenas células redondas (TDPCR);
  • 6 com tumor rabdoide maligno SMARCA4 (TRMS4);
  • e 32 com outros subtipos histológicos.

O desfecho primário foi taxa de resposta objetiva e os desfechos secundários incluíram taxa de benefício clínico, duração da resposta, sobrevida livre de progressão (SLP), sobrevida geral (SG) e segurança.

A mediana de ciclos foi 6. Após uma média de 4 ciclos, 62 (76%) pacientes que descontinuaram o estudo. E após uma média de 3 meses, 33 pacientes morreram (27 relacionados ao câncer).

Segundo Dr. Munhoz, os dados desapontaram em relação ao uso de imunoterapia em sarcomas raros, sem nenhuma resposta completa observada e resposta parcial em 12 pacientes (15%), com uma taxa de resposta objetiva de 15% e taxa de controle de doença de 52%.

A ocorrência da melhor resposta objetiva dependeu do subtipo histológico, com duas (8%) respostas em cordoma, cinco (35,7%) em SAPM, duas (33,3%) em TRMS4 e duas (6%) em outros subtipos (p = 0,010).

O oncologista comenta que, na população geral, a SLP mediana foi de 7,9 meses, com uma sobrevida global mediana de 19,7 meses. Para ele

, é importante avaliar a história natural desses sarcomas nas curvas de sobrevida livre de progressão e sobrevida global quando se faz a sub-análise por histologia, mostrando que as taxas de SLP para cordoma, sarcoma alveolar de partes moles, tumor desmoplásico de pequenas células redondas, tumor rabdoide maligno SMARCA4 e outros subtipos foram, respectivamente: 35%, 58%, 0%, 62,5% e 8% (p = 0,00016). Enquanto as taxas de SG em 1 ano foram de 72%, 90%, 50%, 83% e 40% (p = 0,02).

Em resumo, o estudo procurou avaliar a eficácia do uso de pembrolizumabe em subgrupos selecionados de sarcomas que permanecem como doenças raras, demostrando um impacto maior em sarcoma alveolar de partes moles e tumores rabdoides com mutação SMARCA4.

O especialista conclui que, embora os dados tenham sido desapontadores, mostram que a imunoterapia pode ter um papel importante para o sarcoma alveolar de partes moles e em tumor rabdoide SMARCA4.

Confira os comentários do especialista também na versão podcast:

 

Referência:

Blay J. High clinical benefit rates of single agent pembrolizumab in selected rare sarcoma histotypes: First results of the AcSé Pembrolizumab study. Abstract 1619O, ESMO 2020.

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