ESMO 2020: o futuro da terapia tripla em melanoma metastática metastático permanece incerto - Oncologia Brasil

ESMO 2020: o futuro da terapia tripla em melanoma metastática metastático permanece incerto

2 min. de leitura

Dr. Rodrigo Munhoz, oncologista clínico do Hospital Sírio-Libanês de São Paulo, faz uma análise detalhada do estudo COMBI-i, apresentado no ESMO Virtual Congress 2020, que avaliou o esquema triplet (spartalizumab com dabrafenibe e trametinibe) em pacientes com melanoma avançado.

O estudo combina spartalizumab com dabrafenibe e trametinibe em pacientes com melanoma avançado e com mutações do gene BRAF. Esse estudo parte do racional da associação da imunoterapia com terapia-alvo. Estudos clínicos e pré-clínicos vinham mostrando uma imunomodulação associada à manipulação da via da MAPKinase, daí o racional para a associação de um agente anti-PD1 aos inibidores do BRAF e inibidores do MEK.

O COMBI-i foi um estudo randomizado que incluiu 532 pacientes com melanoma avançado sem tratamentos prévios submetidos a uma combinação de spartalizumab com o dagrafenibe e o trametinibe no braço terapêutico e um esquema com um placebo associado ao dabrafenibe e trametinibe no braço controle. O desfecho primário foi sobrevida livre de progressão baseada em RECIST 1.1.

Os pacientes incluídos no estudo representavam o que se encontra no dia-a-dia do oncologista: ECOG 0 a 1, muitos com doença estágio M1b e quase 60% em estágio M1c, ressaltando uma população com uma carga de doença significativa. Os braços do estudo estavam bem equilibrados sem grandes divergências entre as principais variáveis anatomoclínicas.

O estudo não atingiu seu desfecho primário, falhando em demonstrar ganho em sobrevida livre de progressão conforme avaliação pelos avaliadores. Houve uma diferença numérica favorecendo o esquema triplet versus o esquema doublet, entretanto ela não foi estatisticamente significativa, culminando no desfecho primário negativo. A mediana da sobrevida livre de progressão conforme avaliação do investigador central foi de 16 meses com esquema triplet e 12 meses com o esquema doublet, e um hazard ratio de 0,82 (não estatisticamente significativo).

Não foi observado um incremento na taxa de resposta nesse estudo, corroborando trabalhos anteriores. O ganho foi marginal de 64% com o esquema doublet para 68% com o esquema triplet. Nenhum subgrupo apresentou um benefício claro com o uso do esquema triplet contra o uso do esquema doublet. Houve pouco impacto em sobrevida global, havendo uma quase sobreposição nas curvas de Kaplan-Meyer. Houve um ganho do tempo de duração de resposta, o que traduz a qualidade de resposta da imunoterapia, porém às custas de uma maior toxicidade com a adição do inibidor de PD1.

Como conclusão, o estudo não mostrou benefícios da associação de terapia-alvo com imunoterapia. Com isso, o atual estado da indicação da terapia tripla em melanoma encontra-se um tanto incerta.

Se você prefere ouvir podcasts, não deixe de conferir a análise do especialista em nosso canal:

Referências:

LBA43 – Spartalizumab plus dabrafenib and trametinib (Sparta-DabTram) in patients (pts) with previously untreated BRAF V600–mutant unresectable or metastatic melanoma: results from the randomized part 3 of the Phase III COMBI-i trial

https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT02967692

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