CodeBreak 100: resultados mostram durabilidade do benefício clínico com sotorasibe em pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células - Oncologia Brasil

CodeBreak 100: resultados mostram durabilidade do benefício clínico com sotorasibe em pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células

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Dr. Alessandro Leal, oncologista clínico e responsável pelo setor de Medicina de Precisão do Hospital Israelita Albert Einstein, discute a durabilidade do benefício clínico e biomarcadores em pacientes com câncer de pulmão de não-pequenas células (CPNPC) avançado  tratados com AMG 510 (sotorasibe).


O CodeBreaK 100 é um importante estudo multicêntrico, aberto, de fases 1 e 2 que avalia a eficácia, segurança, tolerabilidade e farmacocinética do AMG 510 ou sotorasibe, um medicamento projetado para tratar pacientes com diversos tumores sólidos KRASG12C mutados. Além da apresentação no ESMO Virtual Congress 2020, a análise do estudo fase 1 também aparecerá em uma publicação simultânea no The New England Journal of Medicine (Hong DS, et al. NEJM 2020; ePub ahead of print).

Sotorasibe (AMG510) forneceu um perfil de segurança gerenciável e atividade antitumoral preliminar durável em pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células fortemente pré-tratados com uma mutação KRASG12C. Os resultados foram apresentados por David S. Hong, do MD Anderson Cancer Center, da Universidade do Texas, em Houston, EUA, que também comentou sobre os dados de biomarcadores, incluindo a MAF (mutant allele frequency) em  KRASG12C e o nível de expressão de PD-L1.

Segundo Dr. Leal, por décadas a proteína KRAS foi considerada uma molécula impossível de ser bloqueada. Análises prévias (ESMO 2019 e ASCO 2020) já haviam mostrado que o sotorasibe possui um perfil de segurança favorável, baixa toxicidade graus 3 e 4 e atividade antitumoral em pulmão, tumores colorretais, entre outros.

Ouça a opinião do especialista também em podcast:

O desfecho primário do CodeBreak 100 fase 1 foi a segurança e os principais desfechos secundários incluíram taxa de resposta objetiva (TRO; avaliada a cada seis semanas), taxa de controle da doença (TCD), duração de resposta (DDR) e sobrevida livre de progressão (SLP). A frequência do alelo mutante KRAS p.G12C (MAF) e o nível de PD-L1 também foram avaliados.

Os pacientes elegíveis para inclusão no estudo tinham tumores com a mutação KRAS p.G12C e haviam recebido tratamento sistêmico prévio. Na data de corte de 1 de junho de 2020, foram inscritos 129 pacientes, sendo 59 com câncer de pulmão não-pequenas células. Desses, 35 (59,3%) eram mulheres, com mediana de idade de 68,0 anos (variação de 49 a 83).

Um total de 44 (74,6%) pacientes receberam ≥2 linhas anteriores de tratamento e 30 (50,8%) pacientes receberam ≥3 linhas anteriores. A análise de segurança não revelou toxicidades limitantes da dose ou eventos adversos fatais relacionados ao tratamento. Cinco (8,5%) pacientes descontinuaram devido a eventos adversos de qualquer causa.

Em relação aos desfechos de eficácia secundários, com acompanhamento médio de 11,7 meses (intervalo, 4,8 a 21,2), a TRO na população geral foi de 32,2% (intervalo de confiança de 95% [IC] 20,6–45,6). A mediana DDR foi de 10,9 meses. O TCD foi de 88,1% (95% Cl, 77,1-95,1). Cinco (8,5%) pacientes apresentavam doença progressiva (DP). Entre 34 pacientes tratados com a dose diária de 960 mg, a TRO e a DDR foram de 35,3% e 91,2%, respectivamente. A mediana de SLP para todos os 59 pacientes foi de 6,3 meses (variação de 0,0+ a 14,9). No corte de dados, 14 (23,7%) pacientes permaneceram no estudo sem progressão da doença e 26 (44,1%) morreram.

Biomarcadores preditivos de resistência ao sotorasibe não foram identificados nessa análise e nenhuma associação significativa entre KRAS p.G12C MAF e resposta foi determinada.

Como conclusão, o oncologista comenta que pelo menos nos pacientes com câncer de pulmão de não-pequenas células politratados se observam respostas duradouras ao sotorasibe, onde a maioria dos indivíduos obtém controle de doença de 88% ao tratamento isolado e com uma SLP mediana de 6,9 meses. Em relação aos biomarcadores de respostas, na opinião do especialista, o conjunto de dados atualmente ainda é bastante escasso, sugerindo que nem o nível de expressão do KRAS p.G12C MAF nem do PD-L1 da amostra de tecido prediz a resposta ao sotorasibe.

Referências:

D.S. Hong, et al. Durability of clinical benefit and biomarkers in patients (pts) with advanced non-small cell lung cancer (NSCLC) treated with AMG 510 (sotorasib). Abstract 1257O. ESMO 2020.

Hong, DS et al. KRASG12C Inhibition with Sotorasib in Advanced Solid Tumors September 20, 2020
DOI: 10.1056/NEJMoa1917239

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