Análise do perfil genômico amplo de tumores sólidos avançados produziu informações para orientar a medicina de precisão na prática clínica - Oncologia Brasil

Análise do perfil genômico amplo de tumores sólidos avançados produziu informações para orientar a medicina de precisão na prática clínica

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Dr. Alessandro Leal, oncologista clínico e responsável pelo setor de Medicina de Precisão do Hospital Israelita Albert Einstein, comenta sobre as alterações genômicas acionáveis que são detectadas pelo perfil genômico amplo (CGP: comprehensive genomic profiling) em tumores sólidos avançados e estratificadas de acordo com a escala ESCAT (ESMO Scale for Clinical Actionability of molecular Target).

Segundo o oncologista, a análise do perfil genômico amplo de tumores sólidos avançados produziu informações para orientar a medicina de precisão na prática clínica, de acordo com os resultados apresentados no ESMO Virtual Congress 2020.

Informações terapêuticas adicionais são fornecidas pela escala ESMO, que classifica as alterações genômicas com base em sua aplicabilidade clínica. Este sistema de classificação – publicado em 2018 nos Annals of Oncolofy – visa oferecer uma linguagem comum para todas as partes interessadas e relevantes na medicina de precisão na oncologia e no desenvolvimento de medicamentos.

Desde 2018, o Molecular Tumor Board (MTB) do Instituto Gustave Roussy analisa as AGs detectadas em biópsias de tecidos e líquidos com base na ESCAT para determinar o tratamento e, neste estudo, os pesquisadores avaliaram a viabilidade clínica dessa prática.

Foram utilizados os dados de 387 pacientes com tumores sólidos metastáticos que participaram dos estudos MOSCATO e MATCHR e que também foram submetidos à biópsia do tumor no momento da recidiva, não exatamente na doença metastática avançada.

O perfil molecular foi realizado através de Next Generation Sequencing (NGS), Whole Exome Sequencing e sequenciamento de RNA para identificar AGs acionáveis. A acionabilidade clínica das AGs foi avaliada prospectivamente pelo MTB de acordo com os níveis da ESCAT. Características clínicas e evolução dos pacientes também foram coletadas. As camadas de AGs acionáveis baseadas em ESCAT levaram à seleção do tratamento em 20% dos pacientes.

O MTB interpretou os dados moleculares de 366 desses 387 pacientes que forneceram amostras de biópsia entre novembro de 2018 e março de 2020. A idade mediana dos pacientes era de 61 anos e 221 (60%) pacientes eram do sexo masculino. Pelo menos uma AG foi detectada em 94% amostras, com uma taxa de apenas 5% de falha na análise.

O MTB discutiu 27 tipos diferentes de tumor. Os mais comuns foram: 117 (32%) de pulmão; 105 (28%) gastrointestinal; e 60 (16%) câncer geniturinário.

Com base na ESCAT, as AGs foram classificadas de acordo com o tipo de tumor: 72 (20%) eram de nível I, incluindo 25 mutações EGFR, 6 rearranjos ALK, 6 rearranjos FGFR, 4 mutações BRAFV600E, 9 rearranjos RET, 9 mutações RET, 5 com alta instabilidade de microssatélites (MSI-H), 3 rearranjos ROS1, 2 alterações em HER2, 2 mutações BRCA e 1 mutação em MET. Além disso, 25 (7%) AGs foram classificadas como nível II, incluindo 19 mutações KRASG12C, 3 mutações BRAFV600E (diferente de pulmão ou melanoma), 2 alterações MET, 2 mutações HER. 48 (19%) AGs foram classificadas como nível III e 59 (16%) como nível IV.

Em uma análise, ainda com base na ESCAT, o CGP relatou resultados clinicamente informativos para 117 (32%) pacientes que levaram à seleção do tratamento em 73 (20%) pacientes.

Os desfechos clínicos, incluindo sobrevida livre de progressão e taxa de resposta de acordo com o nível ESCAT, serão comentados ao vivo no webinar “Highlights ESMO 2020 – Impactos na Prática Clínica”, no dia 23 de setembro, a partir das 19h30: https://webmdhealth.com.br/esmo-2020/

Em resumo, conclui-se que a classificação de alterações genômicas ESCAT é viável na prática clínica por meio da avaliação de MTB e ajuda a individualizar o tratamento tanto no padrão de atendimento quanto nas configurações de investigação.

Você também pode conferir o comentário no especialista em nosso podcast:

Saiba mais:
1930O – Martin Romano P, Mezquita L, Lacroix L, et al. Alterações genômicas em tumores sólidos de acordo com a ESMO Scale for Clinical Action of Molecular Targets (ESCAT). ESMO Virtual Congress 2020.

Mateo, J et al. A framework to rank genomic alterations as targets for cancer precision medicine: the ESMO Scale for Clinical Actionability of molecular Targets (ESCAT). Ann Oncol, 2018; 29(9): 1895-1902

 

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