Estudo analisa a profundidade da resposta da combinação de isatuximabe, carfilzomibe, lenalidomida e dexametasona como tratamento de 1ª linha em pacientes com mieloma múltiplo de alto risco - Oncologia Brasil

Estudo analisa a profundidade da resposta da combinação de isatuximabe, carfilzomibe, lenalidomida e dexametasona como tratamento de 1ª linha em pacientes com mieloma múltiplo de alto risco

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Resultados promissores indicam taxa de resposta com mais de 90% acima de remissão parcial muito boa e 61% de pacientes com doença residual mínima negativa

Estudo GMMG-CONCEPT apresentado em sessão oral da 25ª edição do EHA Annual Congress analisou a profundidade da resposta da combinação de isatuximabe, carfilzomibe, lenalidomida e dexametasona (protocolo Isa-KRd) como tratamento de 1ª linha em pacientes com mieloma múltiplo de alto risco.

Sabe-se que o prognóstico dos pacientes com mieloma múltiplo de alto risco ainda é bem inferior aos pacientes de risco standard. De acordo com Dr. Angelo Maiolino, hematologista na UFRJ e no Américas Oncologia RJ, “existe claramente uma necessidade não atendida neste subgrupo de pacientes e a combinação quádrupla incluindo um anticorpo monoclonal, a intensificação com carfilzomibe + lenalidomia + dexametasona, e o transplante autólogo pode representar uma melhoria destes resultados por ser um esquema mais intenso de tratamento”.

Trata-se de uma análise interina realizada por um grupo cooperativo alemão com 20 centros. No braço A foram incluídos 117 pacientes elegíveis para transplante e no braço B 36 inelegíveis. Todos receberam Isa-KRd como indução, consolidação e manutenção. E os pacientes do braço A receberam o transplante depois de 6 ciclos de Isa-KRd.

Os critérios de elegibilidade foram: adultos com alterações citogenéticas de alto risco como deleção do 17p ou translocação do 4,14 ou translocação do 14,16 ou mais de 3 cópias da amplificação do cromossoma 1. Além disso, obrigatoriamente deveriam ter estadiamento ISS de 2 ou 3. Os pacientes poderiam ter recebido apenas 1 ciclo de terapia anti-mieloma antes da inclusão e deveriam ter uma adequada função orgânica.

No desenho do estudo fazia-se esta avaliação se o paciente era de citogenética de alto risco, elegíveis para transplante e com menos de 70 anos de idade. Estes pacientes recebiam Isa-KRd por 6 ciclos, faziam a mobilização de células tronco com esquema baseado em ciclofosfamida e plerixafor. Recebiam altas doses de melfalano seguido do transplante autólogo de células-tronco hematopoiéticas. Poderiam receber um 2º transplante se não tivesse resposta completa no 1º, seguido por uma consolidação com mais 4 ciclos com Isa-KRd e depois Isa-KR, como manutenção. No braço dos 36 pacientes inelegíveis, utilizaram Isa-KRd por 6 ciclos, depois mais 2 ciclos e depois mais 4 ciclos seguidos da manutenção com Isa – KR.
O endpoint primário foi obtenção de doença residual mínima negativa, utilizando citometria de fluxo multi-paramétrica de nova geração para uma sensibilidade de 10-5. Esta avaliação era após a consolidação. E o endpoint secundário era a sobrevida livre de progressão (SLP).

No EHA25 Virtual foi apresentada a análise interina dos 50 primeiros pacientes, sendo 46 do grupo A e somente 4 do grupo B. Os principais dados deste grupo de 50 pacientes foram: mediana de idade de 58 anos, sendo 12% com ECOG de 2. As alterações citogenéticas mais comuns foram: 52% deleção 17p; 38% t(4,14); 12% t(14,16); 42% com amplificação do cromossomo 1.

A taxa de resposta global foi de 100%, acima de remissão parcial muito boa de 90% e remissão completa e remissão completa estrita em 46% dos pacientes. A avaliação da doença residual mínima foi obtida em 33 pacientes, sendo que 20 pacientes obtiveram doença residual mínima negativa, 11 estavam positivas e em 2 não foram avaliáveis.

Um esquema baseado em ciclofosfamida mais GSF e plerixafor era utilizado quando necessário para coleta de células. A mediana de células colhidas foi de 6 x 106 e o uso de plerixafor ocorreu em 7 de 40 pacientes – o que foi considerado um resultado bastante satisfatório.

Em relação à segurança, as alterações mais frequentes de grau 3 e 4 foram leucopenia e neutropenia, eventos já esperados. Houve baixa incidência de neuropatia periférica. Nenhuma infecção do trato respiratório superior de grau 3 e 4. Falência cardíaca ocorreu em 4% e reação infusional de qualquer grau ocorreu em 32% dos pacientes. Não houve óbitos durante o estudo.

“Este é um estudo muito importante. É o primeiro trial concebido de fase 2 para abordar um esquema quádruplo Isa-KRd, mas exclusivamente para pacientes de alto risco citogenético”, comenta Dr. Maiolino. “A taxa de resposta foi excelente, com mais de 90% acima de remissão parcial muito boa, 61% dos pacientes obtiveram doença residual mínima negativa e 44 de 50 pacientes já completaram o ciclo de indução”, analisa o especialista.

O estudo permanece em andamento. As conclusões até o momento são bastante satisfatórias e bastante promissoras, principalmente considerando esta população de pacientes com mieloma múltiplo de alto risco.

Saiba mais:
https://library.ehaweb.org/eha/2020/eha25th/295024/katja.weisel.depth.of.response.to.isatuximab.carfilzomib.lenalidomide.and.html?f=listing%3D0%2Abrowseby%3D8%2Asortby%3D1%2Asearch%3Dfront-line+treatment%2Bhigh-risk+multiple+myeloma%3A+interim+analysis%2Bgmmg-concept+trial

Weisel, K et al. DEPTH OF RESPONSE TO ISATUXIMAB, CARFILZOMIB, LENALIDOMIDE AND DEXAMETHASONE (ISA-KRD) IN FRONT-LINE TREATMENT OF HIGH-RISK MULTIPLE MYELOMA: INTERIM ANALYSIS OF THE GMMG-CONCEPT TRIAL. Abstract: S204