Eficácia e sobrevida com nivolumabe: follow up de 5 anos CheckMate 017 e 057 - Oncologia Brasil

Eficácia e sobrevida com nivolumabe: follow up de 5 anos CheckMate 017 e 057

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Antes da incorporação da imunoterapia na abordagem do câncer de pulmão, havia apenas dois caminhos para o tratamento sistêmico de pacientes. O mais tradicional consistia no uso clássico de quimioterapia e radioterapia e, em um segundo momento, o advento da terapia-alvo molecular a partir de 2009 trouxe uma alternativa de maior eficácia e menor toxicidade aos pacientes.

“De lá para cá, descobrimos muita coisa, inclusive que o câncer de pulmão não é uma doença só, mas uma série de doenças raras que tratávamos da mesma forma quando só tínhamos a quimioterapia. A terapia-alvo nos mostrou que a gente precisa segmentar essas várias doenças. No entanto, a terapia-alvo, nesses primeiros dez anos, ficou restrita a casos avançados, não chegando ao tratamento da doença inicial ou locorregional avançada.” afirma o médico oncologista do Hospital do Amor em Barretos (SP), Pedro de Marchi.

Ele também considera o ano de 2015 como a segunda revolução no tratamento do câncer de pulmão, com a introdução da imunoterapia. Um dos primeiros imunoterápicos indicados para o tratamento dessas neoplasias, e o primeiro aprovado no Brasil, o nivolumabe marcou os passos iniciais nessa revolução.

Hoje, quase 5 anos após a aprovação de nivolumabe no Brasil, foram apresentados na 20ª Conferência Mundial de Câncer de Pulmão (WCLC), dados de sobrevida após seguimento de cinco anos, representando o maior follow-up na imunoterapia para este conjunto de doenças.

Baseados nos resultados de eficácia e segurança de dois estudos de fase III, CheckMate-017 e CheckMate-057, em pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPNPC), os dados apresentados mostram que, mesmo após cinco anos, pacientes que recebem o nivolumabe em segunda linha continuam a se beneficiar do tratamento, com maior número de pacientes vivos (13,4% em 5 anos) comparado ao docetaxel (2,6%), ganho observado em todos os subgrupos dos estudos.

Outra vantagem observada no uso do nivolumabe em comparação ao docetaxel foi a continuidade da resposta objetiva, que se manteve em 32,2% dos pacientes após o intervalo de cinco anos, comparados a 0% para o docetaxel. O menor surgimento de resistência ao tratamento acarretou em uma duração de resposta mediana de 19,9 meses, comparados a 5,6 meses para o docetaxel. Ambos os estudos CheckMate encontraram perfis de toxicidade consistentes com o que já se havia descrito para o nivolumabe, sem o registro de novos eventos adversos.

“A imunoterapia tem se consolidado como um novo pilar no tratamento do câncer de pulmão, basicamente porque ela não ficou limitada aos estádios avançados. A gente já viu a imunoterapia aplicada para o estádio 3 e agora devemos começar a ver dados dela aplicada em casos de neoadjuvância e adjuvância, fazendo com que ela se consolide cada vez mais como um pilar”, disse o Dr. Pedro. Os dados de follow-up apresentados representam uma mudança nas expectativas do tratamento de segunda linha do CPCNP, fortalecendo ainda mais o papel da imunoterapia nesse cenário..

O nivolumabe ofereceu vantagens em relação ao docetaxel em todos os subgrupos, incluindo pacientes com metástases adrenais e hepáticas, lactato desidrogenase acima do limite superior de normalidade, pacientes com ou sem uso de inibidores de bomba de próton e pacientes com expressão de PD-L1 de pelo menos 1%. No caso da expressão de PD-L1, mesmo aqueles que não expressavam o marcador responderam ao tratamento, com uma resposta próxima à dos pacientes PD-L1 positivo.

“Outro dado interessante que nós ainda não tínhamos é o de que mesmo os cinco pacientes que, por algum motivo, interromperam o tratamento com o nivolumabe, seguem sem progressão da doença, mesmo sem utilizar nenhum outro tratamento. O imunoterápico se mostrou mais eficaz do que a quimioterapia em todos os grupos, e vale lembrar que esses são os dados de mais longo prazo que nós temos sobre pacientes recebendo imunoterapia anti-PD-L1 no contexto de segunda linha de tratamento,”concluiu o Dr. Pedro.

A 20ª Conferência Mundial da IASLC sobre Câncer de Pulmão (WCLC 2019), da Associação Internacional para o Estudo do Câncer de Pulmão (IASLC),é a maior reunião do mundo dedicada ao câncer de pulmão e outras doenças malignas torácicas, cujo objetivo é aumentar o entendimento da doença e a colaboração no desenvolvimento e implementação de novas estratégias. Vários resultados de ensaios clínicos são apresentados entre 07 e 10 de setembro de 2019, e você pode acompanhar os principais em vídeos e textos no site oncologiabrasil.com.br/iaslc-19 e nas nossas redes sociais.