Dados de mundo real demonstram controle eficaz da dor após uso de enzalutamida em pacientes com câncer de próstata - Oncologia Brasil

Dados de mundo real demonstram controle eficaz da dor após uso de enzalutamida em pacientes com câncer de próstata

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Estudo PREMISE também avaliou o controle de dor em pacientes com câncer de próstata resistente à castração metastático

Ensaios clínicos randomizados já indicaram que a enzalutamida (ENZA) minimiza a dor em pacientes com câncer de próstata resistente à castração metastático (CPRCm) quando comparada ao placebo. O estudo PREMISE (NCT02495974) – apresentado no 35º Congresso da EAU 2020 – avaliou essa questão em um cenário de mundo real, considerando uma população de homens europeus não selecionados com CPRCm que estavam recebendo ENZA, incluindo pré-quimioterapia (pré-QT) versus pós-quimioterapia (pós-QT).

Os resultados da dor (escore de 0 a 10) foram avaliados em dois momentos (baseline e aos 18 meses) por três escalas: Brief Pain Inventory Worst Pain (BPIw), Pain Severity (BPIsev), e Interference (BPIint), sendo que escores mais baixos indicam menor intensidade da dor. Escore médio, mudança a partir do baseline e tempo para deterioração clinicamente significativa (TCMD, classificada como ≥2 pontos do baseline) foram analisados. Os dados foram coletados durante a fase de tratamento e após o tratamento, uma vez a cada 3 a 6 meses.

Ao todo, 1732 pacientes de 16 países foram incluídos, sendo 70,3% pré-quimioterapia e 29,7% pós-quimioterapia. No baseline, a idade média foi de 75 anos e os pacientes apresentaram dor relativamente leve (BPIw = 3,02; BPIsev = 2,13; BPIint = 2,24). As pontuações foram ligeiramente piores pós-QT versus pré-QT (BPIw = 3,33; BPIsev = 2,37; BPIint = 2,74 versus 2,89; 2,02; 2,02, respectivamente).

Aos 18 meses, a pontuação geral foi de BPIw = 2,23, BPIsev = 1,61, BPIint = 1,75. Os grupos pré e pós-QT mostraram, na maioria dos casos, pequenas melhorias de um ponto para o outro nas três escalas (por exemplo, pré versus pós-QT: BPIw = 2,59 em 3 meses; 2,44 em 6 meses; 2,13 aos 9 meses; 2,27 aos 12 meses versus 3,21; 2,65; 2,85; 2,51, respectivamente).

Entre os que permaneceram no estudo, os pacientes pré-QT apresentaram discreta melhora numérica no BPIsev e no BPIw a partir do baseline até o 12º mês (variação de -0,14 pontos e -0,19 pontos, respectivamente), mas com ligeira piora numérica do BPIint (+0,20 pontos). O grupo pós-QT mostrou ligeira piora no BPIsev (+0,17 pontos) e permaneceu praticamente inalterado para BPIw e BPIint desde baseline até o 12º mês.

Para o TCMD, pós-QT apresentou resultados mais baixos do que pré-QT para o BPIw (mediana estimada do TCMD > 15 meses versus 18, respectivamente) e para o BPIsev (tempo até 25% de probabilidade de progressão de 6 versus 12 meses, respectivamente). Para o BPIint, não houve diferença significativa entre os grupos pré e pós-QT no TCMD.

Os autores concluem que nesta amostra de mundo real pacientes com CPRCm que receberam ENZA geralmente apresentaram baixos escores de dor no baseline e permaneceram baixos ao longo do estudo. Apesar de os resultados levemente piores em pacientes pós-QT, os dados estão de acordo com os resultados de ensaios clínicos em que a ENZA é protetora contra a dor em pacientes com CPRCm.

Saiba outras informações sobre o estudo PREMISE:
https://oncologiabrasil.com.br/eau-2020/premise-avalia-eficacia-e-seguranca-da-enzalutamida-em-pacientes-com-cprcm-em-cenario-de-mundo-real/

Referências:
Mott D, et al. Pain outcomes in patients (pts) with metastatic castration-resistant prostate cancer (mCRPC) receiving enzalutamide (ENZA) in a real-world setting: PREMISE. Eur Urol Open Sci 2020;19(Suppl 2): e881.