Durvalumabe associado à quimioterapia recebe aprovação da Comissão Europeia para 1ª linha de tratamento de pacientes com câncer de pulmão de pequenas células com doença extensa - Oncologia Brasil

Durvalumabe associado à quimioterapia recebe aprovação da Comissão Europeia para 1ª linha de tratamento de pacientes com câncer de pulmão de pequenas células com doença extensa

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A aprovação foi baseada nos resultados positivos do ensaio CASPIAN que demonstraram ganho sustentado de sobrevida global associado a um tratamento bem tolerado

O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer no mundo, tanto entre homens quanto entre mulheres. É amplamente dividido em não-pequenas células (CPNPC) e pequenas células (CPPC). Este último representa cerca de 15% de todos os tumores de pulmão.

O CPPC é altamente agressivo e de crescimento rápido (geralmente recorre e progride em pouco tempo, apesar de uma eventual resposta satisfatória inicial à quimioterapia). Cerca de 2/3 dos pacientes com CPPC são diagnosticados com doença extensa, na qual o câncer se espalhou amplamente através dos pulmões ou para outras partes do corpo. O prognóstico é bastante reservado, pois em média somente 6% de todos os pacientes com CPPC estarão vivos após cinco anos do diagnóstico.

Novas terapias, no entanto, têm surgido e pela primeira vez os pacientes com CPPC com doença extensa na Europa terão a opção de uma combinação de imunoterapia com quimioterapia. No início do mês, a Comissão Europeia aprovou o durvalumabe (um anticorpo monoclonal anti-PD-L1) associado à quimioterapia para tratamento de 1ª linha desses pacientes, com base nos resultados de sobrevida global e tolerabilidade do estudo CASPIAN.

CASPIAN foi um estudo randomizado, aberto, multicêntrico, global, de fase III para tratamento de primeira linha de 805 pacientes com CPPC doença extensa. O estudo comparou:

  • durvalumabe em combinação com etoposídeo + carboplatina ou cisplatina;
  • durvalumabe + quimioterapia com a adição de uma segunda imunoterapia, tremelimumabe;
  • quimioterapia isolada (controle).

Nos braços experimentais, os pacientes foram tratados com quatro ciclos de quimioterapia. Em comparação, o braço controle permitiu até seis ciclos de quimioterapia e irradiação craniana profilática opcional. O teste foi conduzido em mais de 200 centros em 23 países, incluindo Estados Unidos, Europa, América do Sul, Ásia e Oriente Médio.

O desfecho primário foi sobrevida global (SG), alcançado para durvalumabe + quimioterapia em junho de 2019, reduzindo o risco de morte em 27% versus quimioterapia sozinha (HR: 0,73; IC 95%: 0,59 – 0,91; p = 0,0047), com SG mediana de 13,0 versus 10,3 meses, respectivamente. Uma análise atualizada mostrou eficácia sustentada para durvalumabe + quimioterapia após um acompanhamento médio de mais de 2 anos (HR: 0,75; IC 95% 0,62-0,91; p nominal = 0,0032), com mediana de SG de 12,9 versus 10,5 meses, respectivamente.

Os resultados também mostraram um aumento na taxa de resposta objetiva (68% versus 58%, respectivamente), sendo que durvalumabe + quimioterapia atrasaram o tempo para os sintomas da doença piorarem. A segurança e tolerabilidade foram consistentes com o perfil já conhecido desses medicamentos.

No CASPIAN, por não existirem dados de segurança disponíveis em relação ao uso de radioterapia craniana profilática (prophylactic cranial irradiation, PCI) simultaneamente com o uso de bloqueadores PD-1 e PD-L1 no início do estudo, a PCI só foi permitida no grupo controle a critério do investigador. Ao todo, 21 (8%) pacientes receberam PCI.

Este é o primeiro regime de imunoterapia combinada à quimioterapia a oferecer um benefício de sobrevida sustentado e uma taxa de resposta considerável. Além disso, a característica posológica da manutenção a cada quatro semanas oferece conveniência aos pacientes que se beneficiam do tratamento.

Saiba mais:

https://oncologiabrasil.com.br/imunoterapia-em-cancer-de-pulmao-de-pequenas-celulas-caspian/

Referências:

Paz-Ares L, Dvorkin M, Chen Y, Reinmuth N, Hotta K, Trukhin D, Statsenko G et al. Durvalumab plus platinum-etoposide versus platinum-etoposide in first-line treatment of extensive-stage small-cell lung cancer (CASPIAN): a randomised, controlled, open-label, phase 3 trial. Lancet. 2019;394(10212):1929-1939.

Horn L, Mansfield AS, Szczęsna A, Havel L, Krzakowski M, Hochmair MJ et al. First-Line Atezolizumab plus Chemotherapy in Extensive-Stage Small-Cell Lung Cancer. N Engl J Med. 2018; 379(23):2220-2229.

Durvalumab ± tremelimumab + platinum-etoposide in first-line extensive-stage SCLC (ES-SCLC): Updated Results from the phase III CASPIAN study. (Abstract 9002)
J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr 9002). DOI:10.1200/JCO.2020.38.15_suppl.9002