Dados finais do estudo KEYNOTE-181: pembrolizumabe melhora a sobrevida global em pacientes com câncer de esôfago avançado - Oncologia Brasil

Dados finais do estudo KEYNOTE-181: pembrolizumabe melhora a sobrevida global em pacientes com câncer de esôfago avançado

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Em comparação com quimioterapia, pembrolizumabe melhora a sobrevida global em pacientes com câncer de esôfago localmente avançado e resulta em menos eventos adversos

O câncer de esôfago é o 6º tipo de câncer mais incidente na população masculina do nosso país. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, são mais de 11 mil novos casos por ano.Quando o tumor é localizado, o tratamento envolve cirurgia com ou sem combinação de radioterapia e quimioterapia. No caso da doença avançada, a terapia é baseada em quimioterapia, muitas vezes em combinação ou isolada.

Além de limitadas as opções quimioterápicas disponíveis, as drogas apresentam eficácia limitada e toxicidades elevadas. Por isso, no início do ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso de pembrolizumabe para pacientes com câncer de esôfago avançado ou metastático, com base nos resultados do estudo KEYNOTE-181, cujos dados atualizados foram recentemente publicados no Journal of Clinical Oncology.

Segundo a publicação, em comparação com a quimioterapia, pembrolizumabe de segunda linha melhorou a sobrevida global (desfecho primário) de pacientes com câncer de esôfago localmente avançado ou metastático que expressem PD-L1 com “combined positive score (CPS) ≥10”, além de apresentar menos eventos adversos relacionados ao tratamento.

O KEYNOTE-181 é um estudo aberto, de fase III, que recrutou 628 pacientes com carcinoma de células escamosas avançado / metastático ou adenocarcinoma do esôfago de diversos países, incluindo pacientes brasileiros, sendo o Centro Integrado de Pesquisa do Hospital de Base de São José do Rio Preto, o maior recrutador de pacientes da América Latina e um dos maiores recrutadores do mundo . Tais pacientes deveriam ter progredido a pelo menos 1 linha de terapia sistêmica (associada ou não à radioterapia) e então, eram randomizados (1:1) para pembrolizumabe 200 mg a cada três semanas por até dois anos ou quimioterapia de escolha do investigador como paclitaxel, docetaxel ou irinotecano.

“A comunidade científica global aguardava os resultados finais do estudo KEYNOTE-181, que levou à aprovação de pembrolizumabe na 2ª linha do câncer de esôfago metastático, pois até a sua apresentação na ASCO GI 2019 não havia nenhuma terapia biológica aprovada nesta doença”, conta Dr. Gustavo Girotto, oncologista clínico do Centro Integrado de Pesquisa (CIP) do Hospital de Base de São José do Rio Preto.

Na análise final, conduzida 16 meses após o último paciente ter sido designado aleatoriamente, a SG foi prolongada com pembrolizumabe versus quimioterapia para pacientes com CPS ≥ 10 (mediana de 9,3 versus 6,7 meses; HR 0,69). A taxa de SG estimada em 12 meses foi de 43% com pembrolizumabe versus20% com quimioterapia.

Em pacientes com PD-L1 CPS ≥ 10, a sobrevida livre de progressão mediana foi de 2,6 meses versus 3,0 meses para pembrolizumabe e quimioterapia, respectivamente. Já em pacientes comcarcinoma de células escamosas, a SLP mediana foi de 2,2 meses versus 3,1 meses (HR = 0,92, IC 95% = 0,75-1,13) e, entre todos os pacientes, SLP mediana foi de 2,1 meses versus 3,4 meses, também respectivamente para pembrolizumabe e quimioterapia.

As taxas de resposta objetiva foram 21,5% versus 6,1% entre os pacientes com PD-L1 CPS ≥ 10, com durações de resposta mediana de 9,3 meses para pembrolizumabe e 7,7 mesespara quimioterapia, com benefício observado no primeiro grupoindependentemente da histologia. As taxas de resposta objetiva foram de 16,7% versus 7,4% entre os pacientes com carcinoma de células escamosas e 13,1% versus 6,7% entre todos os pacientes.

Eventos adversos relacionados ao tratamento de qualquer grau ocorreram em 64% dos pacientes no grupo de pembrolizumabe versus 86% no grupo de quimioterapia. Neste último, os pacientes também experimentaram mais fadiga, diarreia e toxicidades hematológicas. Eventos adversos relacionados ao tratamento de grau ≥ 3 ocorreram em 18% versus 41%, respectivamente.

Os eventos mais comuns no grupo com pembrolizumabe incluíram astenia (1,3%) e anemia (1,3%). Os eventos mais comuns no grupo de quimioterapia incluíram diminuição da contagem de leucócitos (10%), diminuição dos neutrófilos (10%) e anemia (8%).

Os pesquisadores concluíram que pembrolizumabe prolongou a sobrevida global como terapia de segunda linha para câncer de esôfago avançado em pacientes com PD-L1 CPS ≥ 10, com menos eventos adversos relacionados ao tratamento.

“Apesar de os resultados baseados na análise por intenção de tratamento não terem demonstrado a superioridade na sobrevida global de pembrolizumabe em relação à quimioterapia de escolha do investigador, o estudo demonstra que, na população com CPS >10, pembrolizumabe é a melhor opção de tratamento para os pacientes do mundo”, conclui o médico.

 

Referências:

Kojima, T et al. Randomized phase III KEYNOTE-181 study of pembrolizumab vs chemotherapy in advanced esophageal cancer. Journal of Clinical Oncology|October 9, 2020

https://ascopubs.org/doi/full/10.1200/JCO.20.01888

http://portal.anvisa.gov.br/informacoes-tecnicas13?p_p_id=101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2&p_p_col_id=column-2&p_p_col_pos=1&p_p_col_count=2&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_groupId=219201&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_urlTitle=keytruda-pembrolizumabe-nova-indicac-2&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_struts_action=%2Fasset_publisher%2Fview_content&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_assetEntryId=5821402&_101_INSTANCE_WvKKx2fhdjM2_type=content

Metges J, et al. The phase 3 KEYNOTE-181 study: pembrolizumab versus chemotherapy as second-line therapy for advanced esophageal cancer. Ann Oncol. 2019;30(suppl_4):iv130

Kojima T, et al. Pembrolizumab versus chemotherapy as second-line therapy for advanced esophageal cancer: Phase III KEYNOTE-181 study. J Clin Oncol. 2019;37(suppl_4; abstr 2)