Dados atualizados de SG do IMbrave150 e revisão sistemática mais metanálise comparando a eficácia das terapias sistêmicas no CHC avançado - Oncologia Brasil

Dados atualizados de SG do IMbrave150 e revisão sistemática mais metanálise comparando a eficácia das terapias sistêmicas no CHC avançado

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Atezolizumabe combinado ao bevacizumabe é aprovado globalmente para pacientes com hepatocarcinoma (HCC) irressecável não expostos à terapia sistêmica prévia 

Entre os dias 30 de junho e 3 de julho de 2021, aconteceu o ESMO World Congress On Gastrointestinal Cancer 2021, um evento focado em ciência, educação e exposições referentes a descobertas inovadoras no tratamento, pesquisa e cuidados do paciente com câncer gastrointestinal. 

No Simpósio, foram apresentados os dados atualizados de sobrevida global (SG) do IMbrave150 (NCT03434379), um estudo de fase III, multicêntrico, randomizado e aberto, que inscreveu 501 pacientes com CHC irressecável virgens de tratamento sistêmico, os quais apresentavam ≥ 1 lesão mensurável não tratada (RECIST 1.1), Child-Pugh A e ECOG 0/1. Os inscritos foram randomizados 2:1 para receber atezolizumabe 1200 mg IV + bevacizumabe 15 mg/kg IV a cada 3 semanas ou sorafenibe 400 mg 2x/dia até toxicidade inaceitável ou perda do benefício clínico avaliado pelo investigador. Esta análise post hoc descritiva de SG foi conduzida com 12 meses de acompanhamento adicional da análise primária. 

 

Resultados: 

Na data de corte de 31 de agosto de 2020, o acompanhamento médio foi de 15,6 meses e 280 eventos de SG foram observados. A mediana de SG foi de 19,2 meses com atezolizumabe + bevacizumabe versus 13,4 meses com sorafenibe (HR 0,66; IC 95% 0,52 – 0,85; P = 0,0009). A sobrevida aos 18 meses foi de 52% versus 40%, respectivamente. O benefício de sobrevida foi consistente entre os subgrupos e com a análise primária. 
A taxa de resposta objetiva atualizada (29,8% por RECIST 1.1) com atezolizumabe + bevacizumabe estava em linha com a análise primária, com mais indivíduos alcançando resposta completa (7,7%) do que relatado anteriormente. A resposta parcial foi de 22.1% versus 10,7 e a mediana de duração de resposta foi de 18,1 meses versus 14,9 meses para os grupos atezolizumabe + bevacizumabe e sorafenibe, respectivamente. Quanto aos dados de segurança, não houve sinais novos identificados. 

 

Diante da diversidade de agentes aprovados para o tratamento de primeira e segunda linha no CHC avançado, a escolha entre as opções disponíveis permanece difícil devido à escassez de testes comparativos entre os ensaios já publicados. Nesse sentido, também foi apresentada durante o Simpósio uma revisão sistemática e meta-análise que comparou indiretamente os tratamentos sistêmicos para CHC avançado nas configurações de primeira e segunda linha. 

Os ensaios clínicos publicados que avaliaram os agentes sistêmicos nas configurações de primeira e segunda linha em CHC avançado desde o início até abril de 2020 foram identificados por meio de pesquisas nas bases de dados PubMed, EMBASE, Cochrane e resumos apresentados nas principais conferências anuais da ASCO e ESMO (de 2017 a 2020). Os desfechos primários foram hazard ratios (HR) agrupados de sobrevida global (SG) e odds ratio (OR) de taxa de resposta objetiva (TRO) nos estudos de 1ª linha; e HR de sobrevida livre de progressão (SLP) e OR de TRO para estudos de 2ª linha. A SG para agentes de segunda linha foi sintetizada em uma análise qualitativa. 

 

Resultados: 

No geral, 8.335 pacientes (13 estudos) e 4.612 pacientes (11 estudos) foram analisados ​​em ensaios de fase II/III para tratamentos de primeira e segunda linha, respectivamente. No cenário de primeira linha, atezolizumabe + bevacizumabe e lenvatinibe foram classificados como os regimes associados às maiores SG (atezolizumabe + bevacizumabe: HR 0,58; IC 95% 0,42-0,80; P: 0,993) e TRO (lenvatinibe: OR 3,34; IC 95% 2,17-5,14; P: 0,080), respectivamente.  

Na configuração de segunda linha, cabozantinibe apresentou a maior probabilidade de benefício para SLP (HR 0,44; IC 95% 0,29-0,66; P: 0,854), bem como a maior probabilidade de benefício de TRO (cabozantinibe: OR 9,40, IC 95% 1,25-70,83; P: 0,266). 

Os autores concluem que, no cenário de primeira linha, atezolizumabe mais bevacizumabe pode ser o regime de escolha, enquanto lenvatinibe pode ser considerado a opção inicial se respostas antitumorais robustas são o principal objetivo. No cenário de segunda linha, cabozantinibe pode ser a opção de eleição quando respostas antitumorais são preferíveis.  

 

Referências:  

  1. Finn RS, et al. Atezolizumab plus bevacizumab in unresectable hepatocellular carcinoma. N Engl J Med 2020; 382:1894-1905. DOI: 10.1056/NEJMoa1915745. 
  2. Finn RS, et al. IMbrave150: Updated overall survival (OS) data from a global, randomized, open-label phase III study of atezolizumab (atezo) + bevacizumab (bev) versus sorafenib (sor) in patients (pts) with unresectable hepatocellular carcinoma (HCC). 2021 Gastrointestinal Cancers Symposium. J Clin Oncol 39, 2021 (suppl 3; abstr 267). DOI:10.1200/JCO.2021.39.3_suppl.267. 
  3. Park R, et al. Comparison of systemic therapy efficacy in advanced hepatocellular carcinoma: Systematic review and frequentist network meta-analysis of randomized controlled trials. 2021 Gastrointestinal Cancers Symposium. J Clin Oncol 39, 2021 (suppl 3; abstr 293). DOI:10.1200/JCO.2021.39.3_suppl.293.