CheckMate 153: manutenção do nivolumabe além de 1 ano de tratamento associou-se a melhores desfechos em CPNPC - Oncologia Brasil

CheckMate 153: manutenção do nivolumabe além de 1 ano de tratamento associou-se a melhores desfechos em CPNPC

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Primeiros dados randomizados sobre imunoterapia contínua versus de duração fixa em CPNPC avançado previamente tratado são publicados no JCO

Uma das questões mais debatidas na comunidade oncológica refere-se ao tempo de continuidade da imunoterapia em determinados tipos de câncer, ou seja, se a administração de inibidores de correceptores imunes deve continuar até máxima resposta ou intolerância do paciente, ou se o tratamento deve ser interrompido em um período pré-definido, considerando que os benefícios dessa modalidade podem perdurar por meses, eventualmente anos, mesmo com a sua descontinuação.

Nesse sentido, uma análise exploratória do ensaio de fase IIIb/IV CheckMate 153, publicada no Journal of Clinical Oncology, avaliou a manutenção do nivolumabe além de 1 ano de tratamento versus a interrupção em 1 ano, em pacientes com câncer de pulmão não-pequenas células (CPNPC) avançado ou metastático previamente tratado.

No estudo, os pacientes receberam nivolumabe 3 mg/kg a cada 2 semanas até a progressão da doença, toxicidade inaceitável ou retirada do consentimento, ou por 1 ano. A manutenção do tratamento mesmo diante da progressão da doença foi permitida àqueles que apresentaram benefício clínico de acordo com a avaliação do investigador. Os pacientes que ainda estavam recebendo tratamento em 1 ano foram designados aleatoriamente, independentemente do status da resposta, para continuar nivolumabe ou interromper o tratamento (grupo de duração fixa de 1 ano), com a opção de receber novo tratamento com nivolumabe após a progressão da doença.

Dos 1.428 pacientes, 252 (população com intenção de tratar) foram aleatoriamente designados para tratamento contínuo (n = 127) ou de duração fixa de 1 ano (n = 125). Destes, 89 e 85 pacientes, respectivamente, não progrediram em 1 ano (população de sobrevida livre de progressão).

O acompanhamento mínimo após randomização foi de 13,5 meses. Um total de 47 pacientes no grupo de duração fixa apresentaram progressão de doença, sendo que 39 receberam retratamento com nivolumabe. A duração média de terapia no grupo contínuo foi de 13,6 meses.

A sobrevida livre de progressão (SLP) mediana foi de 24,7 meses no grupo contínuo vs 9,4 meses no grupo de duração fixa (HR = 0,56; IC95% = 0,37-0,84). As taxas de SLP em 1 e 2 anos foram de 64,6% vs 44,0% e 51,9% vs 30,7%, respectivamente. Entre os 62 vs 58 pacientes com resposta objetiva na atribuição aleatória, a SLP mediana foi de 31,0 vs 10,6 meses (HR = 0,46; IC 95% = 0,27-0,77).

Na população com intenção de tratar, a sobrevida global (SG) mediana não foi alcançada vs 28,8 meses (HR = 0,62; IC 95% = 0,42-0,92). As taxas de SG em 1 e 2 anos foram de 82,9% vs 81,7% e 70,4% vs 56,8%, respectivamente.

Na população de sobrevida livre de progressão, a SG mediana não foi alcançada vs 32,5 meses (HR = 0,61; IC 95% = 0,37–0,99). As taxas de SG em 1 e 2 anos foram de 86,1% vs 82,0% e 73,4% vs 60,9%, respectivamente. Entre os pacientes com resposta objetiva na atribuição aleatória, a SG mediana não foi atingida vs 33,5 meses (HR = 0,50; IC 95% = 0,26-0,97).

Poucos eventos adversos relacionados ao tratamento de início recente foram observados e nenhum novo sinal de segurança foi identificado.

Os pesquisadores concluem, portanto, que esses achados provenientes de uma análise exploratória representam os primeiros dados randomizados sobre imunoterapia contínua versus de duração fixa em CPNPC avançado previamente tratado. Os dados sugerem que a manutenção de nivolumabe além de 1 ano pode aumentar a sobrevida.

 

Referência:

Waterhouse DM, et al. Continuous Versus 1-Year Fixed-Duration Nivolumab in Previously Treated Advanced Non–Small-Cell Lung Cancer: CheckMate 153. Journal of Clinical Oncology. 2020 Sep:JCO-20.