ASCO atualiza recomendações para uso de G-CSF devido à pandemia de COVID-19 - Oncologia Brasil

ASCO atualiza recomendações para uso de G-CSF devido à pandemia de COVID-19

3 min. de leitura

A associação reconhece que existem dois aspectos importantes quanto ao cuidado do paciente com potencial neutropenia febril no cenário de pandemia de COVID-19: profilaxia e tratamento agudo

Em decorrência da pandemia, a American Society of Clinical Oncology (ASCO) elaborou recomendações específicas de cuidados ao paciente com câncer. Uma delas refere-se ao uso de moléculas recombinantes de G-CSFs (fatores estimulantes de colonização de granulócitos) como tratamento profilático para terapia de suporte da neutropenia febril.

A associação reconhece que existem dois aspectos importantes quanto ao cuidado do paciente com potencial neutropenia febril no cenário de pandemia de COVID-19: profilaxia e tratamento agudo. Isso porque a neutropenia grave e a neutropenia febril representam a maior toxicidade dose-limitante da quimioterapia citotóxica, demandando redução de dose dos medicamentos e/ou atraso dos ciclos, o que pode afetar o sucesso do tratamento.

Geralmente, pacientes com risco maior ou igual a 20% de neutropenia febril recebiam o tratamento profilático com G-CSFs. Diante do cenário atual, a recomendação foi ampliada para pacientes com risco acima dos 10%. O objetivo é minimizar idas ao hospital e o risco de contato com a equipe de saúde por causa da necessidade de fazer o monitoramento da contagem de neutrófilos. Para casos agudos, é recomendada a prescrição de antibióticos de maneira empírica, mesmo para pacientes clinicamente estáveis.

Cenário Brasileiro
No Brasil, existem algumas opções terapêuticas de moléculas recombinantes de G-CSFs como tratamento profilático para terapia de suporte da neutropenia febril: filgrastim, pegfilgrastim e lipegfilgrastim.

O lipegfilgrastim e o pegfilgrastim, fatores de crescimento de longa duração, são administrados de forma subcutânea em dose única de 6 mg de princípio ativo por ciclo de tratamento. E a administração do filgrastim deve ser feita em dose de 5 mcg/dia/kg a cada 12 horas. Apesar de apresentarem atividades clínicas equivalentes e toxicidades semelhantes, as moléculas de lipegfilgrastim e pegfilgrastim possuem estrutura química e propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas distintas.

Dentre os últimos estudos conduzidos com a classe de G-CSFs, há o estudo NADIR, cujos resultados finais foram publicados em 2019 e demonstraram a eficácia e a segurança com o uso profilático de lipegfilgrastim administrado a pacientes com tumores sólidos/linfoma não Hodgkin recebendo quimioterapia na prática clínica. Os resultados indicaram que apenas 2,7% (95% CI 2,1-3,5%) e 3,0% (95% CI 2,0-4,3%) da população total e da população idosa, respectivamente, desenvolveram neutropenia febril de qualquer grau com o uso de lipegfilgrastim.

Referências:
Clinical impact of COVID-19 on patients with cancer: Data from the COVID-19 and Cancer Consortium (CCC19). J Clin Oncol 38: 2020 (suppl; abstr LBA110)
(https://meetinglibrary.asco.org/record/191968/abstract)

COVID-19 Patient Care Information American Society of Clinical Oncology. (https://www.asco.org/asco-coronavirus-resources/care-individuals-cancer-during-covid-19/cancer-treatment-supportive-care)

Bondarenko, I et al. Efficacy and Safety of Lipegfilgrastim Versus Pegfilgrastim: A Randomized, Multicenter, Active-Control Phase 3 Trial in Patients With Breast Cancer Receiving doxorubicin, 2013. BMC Cancer, 13: 386.

Fietz, T. et al. Prophylaxis of Chemotherapy-Induced Neutropenia and Febrile Neutropenia With Lipegfilgrastim in 2489 Cancer Patients: Final Results From the Non-Interventional Study NADIR
Current Medical Research and Opinion. 2019;35(7):1127-1138.

Ministério da Saúde. Saúde anuncia orientações para evitar a disseminação do coronavírus. 13 de março de 2020. https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46540-saude-anuncia-orientacoes-para-evitar-a-disseminacao-do-coronavirus