ANVISA aprova combinação com pembrolizumabe para câncer de cabeça e pescoço - Oncologia Brasil

ANVISA aprova combinação com pembrolizumabe para câncer de cabeça e pescoço

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Uma nova indicação para o bloqueador de correceptor imune pembrolizumabe (Keytruda®) acaba de ser aprovada no Brasil. O imunoterápico anti-PD1 já é utilizado em todo o mundo para o tratamento de diversas neoplasias malignas e já estava indicado em bula no país para pacientes com melanoma ou câncer de pulmão de células não pequenas.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) acaba de permitir a incorporação também da indicação de pembrolizumabe, em combinação ou não com quimioterapia, como primeira linha de tratamento para carcinoma de células escamosas de cabeça e pescoço, em pacientes com doença recidivada ou metastática (CECCPr/m).

A nova aprovação se baseia nos resultados positivos do estudo KEYNOTE-048 (NCT02358031), que randomizou 882 pacientes com CECCPr/m, sem terapia prévia para doença avançada, em três grupos, com diferentes esquemas de tratamento: pembrolizumabe 200 mg isoladamente por 24 meses (grupo 1), pembrolizumabe por 24 meses + 6 ciclos de quimioterapia (QT) com cisplatina ou carboplatina e fluorouracil (grupo 2) ou 6 ciclos de QT + cetuximabe, aos moldes do estudo EXTREME (grupo 3).

O estudo, apresentado no ASCO Meeting 2019, mostrou um importante ganho em sobrevida global (SG) com a combinação de pembrolizumabe + QT, em comparação ao grupo que recebeu EXTREME. Nesses dois grupos, as medianas de SG foram de 14,7 meses e 11,0 meses, respectivamente (hazard ratio [HR] 0,60; IC 95% 0,45-0,82; p = 0,0004), para pacientes com PD-L1 ≥ 20 pelo combined positive score (CPS), que avalia a expressão dessa proteína no tumor e nas células do infiltrado imune tumoral.

Além disso, houve ganho significativo também para a população com CPS ≥ 1, com medianas de SG de 13,6 meses para o grupo 2 e de 10,4 meses para o grupo 3 (HR 0,65; IC 95% 0,53-0,80; p < 0,0001).

Apesar dos ganhos da combinação de QT e imunoterapia terem sido observados também em desfechos como sobrevida livre de progressão e taxa de resposta, o mesmo não foi demonstrado para o grupo de pembrolizumabe isolado, em que a mediana de SG foi de 11,5 meses, em comparação a 10,7 meses no grupo 3 (HR 0,83; IC 95% 0,70-0,99; p = 0,0199).

As taxas de eventos adversos graus 3-5 foram similares entre os grupos 2 e 3 (85,1% vs. 83,3%), ainda que os perfis de toxicidade tenham sido distintos, dado o aparecimento de eventos adversos imunomediados no grupo que recebeu pembrolizumabe.

A nova aprovação aumenta as opções de tratamento para os pacientes com câncer de cabeça e pescoço e permite que uma nova e eficaz estratégia para combate a tumores metastáticos esteja disponível para a população brasileira.