A importância da solicitação de biomarcadores para o início do tratamento do câncer colorretal no cenário metastático - Oncologia Brasil

A importância da solicitação de biomarcadores para o início do tratamento do câncer colorretal no cenário metastático

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Dr. Tiago Felismino, oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center, comenta sobre a importância da solicitação de biomarcadores para o início do tratamento do câncer colorretal no cenário metastático.

Para os oncologistas que tratam o câncer colorretal metastático está bastante claro que a análise das mutações do KRAS, BRAF e NRAS é fundamental. Mais de 50% dos pacientes vão ter mutações em algum destes três genes e isso confere resistência à terapia com anti-EGFR, cetuximabe ou panitumumabe.

Conforme comenta Dr. Felismino, os principais guidelines da American Society of Clinical Oncology (ASCO) e The National Comprehensive Cancer Network (NCCN) recomendam fortemente que esses testes sejam realizados no início do tratamento. Porém, na prática existe um certo atraso no recebimento desses resultados que, em alguns lugares, podem demorar de duas a três semanas para serem entregues.

O estudo WAIT (ou ACT), de um grupo francês de investigadores, realizou uma análise retrospectiva e multicêntrica de mais de 200 pacientes. Eles foram randomizados em:

  • Grupo 1: tratamento com quimioterapia + anti-angiogênico na 1ª linha, independentemente do resultado das mutações;
  • Grupo 2: o tratamento era iniciado com quimioterapia sem anticorpo monoclonal e, dependendo dos resultados das mutações, acrescentava-se a terapia anti-EGFR nos pacientes RAS selvagem e BRAF.

O desfecho primário desse estudo foi sobrevida global (SG) e os desfechos secundários foram sobrevida livre de progressão (SLP) e taxa de resposta (TR). Os resultados mostraram sobrevida livre de progressão e taxa de resposta superiores no grupo RAS e BRAF selvagem, o qual recebeu QT+ anti-EGFR: TR de 66% e SLP de 13 meses. Não houve diferença estatística na taxa de SG.

Na maioria dos centros, os oncologistas tendem a esperar pelos resultados dos testes moleculares, mas o estudo reforça, de forma categórica, que o médico pode iniciar o tratamento com quimioterapia e deve aguardar pelos testes para definir qual anticorpo acrescentar à terapia inicial.

 

Referências:

Palmieri, LJ et al. Withholding the Introduction of Anti-Epidermal Growth Factor Receptor: Impact on Outcomes in RAS Wild-Type Metastatic Colorectal Tumors: A Multicenter AGEO Study (the WAIT or ACT Study) The Oncologist 2019;24:1–10

Sveen, A et al. Predictive modeling in colorectal cancer: time to move beyond consensus molecular subtypes.. Ann Oncol ; 30(11): 1682-1685, 2019 11 01.

Koncina, E et al. Prognostic and Predictive Molecular Biomarkers for Colorectal Cancer: Updates and Challenges. Cancers. 2020; 12(2): 319.

Rachiglio, AM et al. Colorectal cancer genomic biomarkers in the clinical management of patients with metastatic colorectal carcinoma. Explor Target Antitumor Ther. 2020; 1:53-70