A importância da estratégia de primeira linha na doença metastática do câncer de cólon e reto - Oncologia Brasil

A importância da estratégia de primeira linha na doença metastática do câncer de cólon e reto

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Dr. Virgílio Souza, oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center, comenta sobre a estratégia na primeira linha de tratamento da doença metastática do câncer de cólon e reto. No vídeo, ele aborda questões relacionadas à lateralidade do tumor, terapia de conversão e os resultados do estudo PANDA.

Avaliar as características moleculares e tumorais, além das características do paciente e suas preferências é essencial para entender e definir a melhor estratégia de primeira linha e sequência de tratamento.

O oncologista destaca no vídeo pontos relacionados à lateralidade do tumor. Sabe-se que tumores de lado esquerdo têm um prognóstico superior comparado aos tumores do lado direito. Isso impacta na questão preditiva de resposta ao tratamento com terapia anti-EGFR e uso de bevacizumabe. Pacientes de lado esquerdo RAS selvagem, por exemplo, quando tratados em primeira linha com terapia anti-EGFR, têm sobrevida superior àqueles tratados com a terapia anti-VEGF. “Na escolha do tratamento de primeira linha de tumores de cólon esquerdo ou reto, analisando o perfil molecular e se RAS selvagem, considero utilizar a terapia anti-EGFR, já que análises retrospectivas de grandes estudos demonstraram benefícios da adição do anti-EGFR versus o VEGF para esses pacientes”, comenta.

Outro assunto abordado pelo especialista foi a terapia de conversão. A maioria dos pacientes com câncer colorretal que desenvolvem metástases hepáticas não é passível de ressecção ao diagnóstico da doença metastática (cerca 80-90% dos casos) e, portanto, deve ser avaliada quanto a essa possibilidade de tratamento.

De acordo com Dr. Virgílio, a terapia de conversão também é importante na escolha de primeira linha. Um dos desfechos mais relevantes nesse cenário é a taxa de resposta, ou seja, a capacidade do regime de reduzir o tamanho das metástases, aumentando a chance de ressecabilidade. A adição de terapias-alvo, seja anti-EGFR ou anti-VEGF, torna-se, assim, factível. “Estudos mostram que principalmente nos pacientes RAS selvagem em que há uma profundidade de resposta superior ao bevacizumabe e em que se almeja a ressecção, talvez o anti-EGFR seja a estratégia mais factível.”

O tratamento dos pacientes idosos, segundo o médico, é mais um ponto a ser considerado. Resultados do estudo PANDA demonstraram que pacientes idosos ou com baixa performance, quando tratados com 5-FU com o acréscimo de panitumumabe em primeira linha, apresentaram alta taxa de resposta (ao redor de 57%). Além disso, houve também um bom controle da doença sistêmica, com uma sobrevida livre de doença não inferior ao braço que fez uso do doublet (FOLFOX) com panitumumabe.

Em conclusão, o especialista reforça a importância de conhecer as características do tumor e o volume de doença, lembrando sempre do perfil molecular, da instabilidade de microssatélite e do perfil RAS, para delinear a estratégia de primeira linha e o melhor sequenciamento de tratamento para esses pacientes.

 


 

Referências:

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https://meetinglibrary.asco.org/record/185499/abstract