2020 In Review: o que mudou no tratamento de câncer de mama - Oncologia Brasil

2020 In Review: o que mudou no tratamento de câncer de mama

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Dra. Débora Gagliato, oncologista clínica da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, fala sobre os avanços que ocorreram ao longo do ano no tratamento do câncer de mama. A especialista destaca estudos que avaliaram a eficácia de medicamentos contra os subtipos triplo negativo, HER2 positivo e receptor de hormônio negativo.

A imunoterapia se sobressaiu no combate ao tumor de mama triplo negativo. O estudo de fase III IMpassion130, apresentado na ESMO 2020, mostrou que a combinação do anticorpo monoclonal tocilizumabe com paclitaxel teve boa eficácia e aumentou a sobrevida das pacientes.

As voluntárias que receberam essas medicações tiveram um ganho de sobrevida global de 25 meses, enquanto aquelas submetidas exclusivamente à quimioterapia alcançaram 17,5 meses.

A especialista cita a atualização da KEYNOTE-355, uma pesquisa feita com pessoas nos estágios mais graves do câncer e com recidivas frequentes. Os novos resultados mostraram aumento da taxa de resposta quando se usa o imunoterápico pembrolizumabe combinado com qualquer quimioterápico.

“Na prática, a imunoterapia pode trazer um benefício importante para pacientes com a doença avançada. Novas combinações com inibidores de PARP, radioterapia, outras drogas e anticorpos conjugados têm sido explorados, mas a imunoterapia já é realidade em triplo negativo e muito mais deve vir ao longo dos anos”, analisa a oncologista.

Além da imunoterapia, o uso de anticorpos conjugados à droga também teve resultados positivos. A análise de fase III ASCENT revelou uma taxa de resposta de 35% com a utilização de sacituzumabe govitecan anti-Trop-2, em comparação com apenas 5% no grupo que recebeu apenas quimioterapia. O ganho de sobrevida do medicamento foi o dobro (12 meses versus seis meses).

Já para o subtipo HER2 positivo, um grande avanço foi a aprovação nos Estados Unidos do inibidor tucatinibe combinado com trastuzumabe e capecitabine. A liberação veio após investigação realizada com indivíduos cuja neoplasia estava avançada e em progressão, mesmo após tratamento anterior. A combinação de medicamentos levou o risco de morte a cair pela metade.

Também houve a atualização da pesquisa DESTINY-Breast01 de fase I/II, com o anticorpo associado a trastuzumabe deruxtecano, em pacientes refratários. A taxa de resposta foi de 60% e a sobrevida ultrapassou os 19 meses, em comparação com a quimio.

“É um resultado impressionante! Ele vem sendo estudado também em linhas mais precoces. Aguardamos a aprovação desse medicamento no nosso país, algo extremamente importante no arsenal de tratamento do HER2 positivo”, celebra Dra. Gagliato.

Por fim, a terapia-alvo e as drogas inibidoras foram o destaque na luta contra o câncer de mama receptor hormonal positivo.

O estudo MONALEESA-7 revelou que mulheres na pós-menopausa que recebem inibidor de aromatase não-esteroidal ou tamoxifeno têm a sobrevida aumentada em 10 meses ao adicionar ribociclibe — um receptor de ciclina — ao tratamento, em comparação com quem usa apenas terapia hormonal.

Já os resultados finais da pesquisa SOLAR-1 mostraram que o alpelisibe eleva a taxa de resposta e a sobrevida em 7,5 meses. A especialista explica que esse remédio é usado na terapia-alvo contra a mutação no gene PI3 Quinase, que responde por 40% dos casos desse tipo de tumor.

Uma última análise apontou a eficácia do alpelisibe quando combinado com fulvestranto ou letrozol, em pessoas cuja neoplasia havia progredido mesmo com tratamento à base de inibidor de ciclina.

“São muitas novidades para os pacientes, especialmente com doença avançada nos diferentes subtipos de tumor de mama. É muito bom afirmar que, hoje, a quimioterapia isolada não é o padrão para nenhum subtipo sem que a gente avalie variáveis importantes para saber se o indivíduo se beneficia de imunoterapia, inibidores ou drogas-alvo”, conclui.

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